1 de dezembro de 2020

O efeito do barril de vinho no whisky

Conforme já comentei aqui, whiskies escoceses precisam necessariamente envelhecer em barris de reuso, ou seja, barris que haviam previamente maturado outra bebida. Devido à oferta, a maioria dos whiskies escoceses usam barris de whisky dos Estados Unidos. Mas, os melhores que tomei envelheceram - ao menos em parte - em barris de vinho.

20 de novembro de 2020

Faccin Malvasia Bianca 2018

Não existe uma só variedade Malvasia. São diversas variedades, muitas sem nenhuma relação genética entre si. Mas em geral são variedades aromáticas, e ricas em açúcar. Geram alguns vinhos licorosos muito bons, mas em geral, quando feitos vinhos brancos secos, tendem a ser meio chatos, muito aroma, até meio enjoativos, e sem uma acidez vibrante.

Mas o Faccin Malvasia Bianca 2018 me impressionou. Um amigo trouxe aqui em casa, e foi uma belíssima surpresa. Daí fui atrás para comprar mais.


7 de novembro de 2020

Gusbourne 2011: espumante inglês top

Em 2016, em viagem na Inglaterra, provei alguns vinhos ingleses (aqui), e um espumante, que não prometia muito (aqui). Mas eu havia guardado o melhor para depois: trouxe na mala um Gusbourne Brut Reserve 2011.

26 de outubro de 2020

Hyperion Fetească Neagră 2010

A Cramele Halewood foi uma das mais importantes empresas vinícolas da Romênia. De origem inglesa (daí o nome Halewood), iniciou as operações na Romênia no ano de 1987, inicialmente monopolizando a exportação de vinhos romenos, e posteriormente, também atuando na importação de vinhos estrangeiros, e finalmente, produção de vinhos na Romênia. Como uma grande empresa, tinha produção em todas as faixas de preço. Alguns de seus melhores vinhos são da linha inspirada nos deuses titãs, como Kronos e Rhea, Theia (que eu jurava que já tinha descrito aqui no blog, mas buscando as referências para este texto, não encontrei) e, principalmente, a linha Hyperion.

21 de outubro de 2020

Feudi di San Gregorio Pietracalda

Em 2017, me encantei com o Fiano di Avelino básico, produzido pela Feudi di San Gregorio (relembre aqui). Qual não foi a minha alegria de encontrar o Feudi di San Gregorio Pietracalda 2018, o Fiano de categoria superior do mesmo produtor?!? Era importação própria da Evino, sendo vendido por R$150, e com desconto devido ao meu aniversário, saiu por R$120. Só para se ter uma idéia, a Domno traz o Fiano básico pelo mesmo preço.


1 de outubro de 2020

Sospirolo Pinot Noir Nature Rosé

Este é mais um exemplo da capacidade da Serra Gaúcha de produzir espumantes de excelente relação qualidade-preço: Sospirolo Pinot Noir Nature Rosé.

14 de setembro de 2020

Portell Pallid de Trepat

Eu gosto de encontrar, provar, e comentar vinhos exóticos, que a maioria dos consumidores mais habituais raramente provou, como vinhos da Romênia, Bulgária, Montenegro, etc. Mas países clássicos como a França ou a Espanha ainda têm muitas denominações que a gente lê nos livros, mas que não esperaria se deparar com seus vinhos, muito menos aqui no Brasil. É o caso de Conca de Barberà.

7 de setembro de 2020

Maria da Cruz

Meu pai tem uma coleção de cachaças, muitas das quais ganhou de presente. A maioria, ele não pretende nunca abrir, não por apego, mas simplesmente porque ele não acredita que a qualidade valha a pena. Mas vez ou outra, ele abre alguma cachaça da coleção, que lhe chama a atenção.

Ele me perguntou se eu tinha curiosidade em alguma, e apontei para a Maria da Cruz, uma cachaça de rótulo verde escuro com detalhes dourados, simples mas de bom gosto, e cujo líquido apresentava uma bela cor dourada, intensa e brilhante.

22 de agosto de 2020

Plantaže Crnogorski Krstač 2017

Em maio, conheci meu primeiro vinho de Montenegro (releia aqui). E logo depois, já conheci o segundo. Ambos da mesma vinícola (Plantaže), importados pela Winelands.

Este segundo vinho foi o Plantaže Crnogorski Krstač 2017, um branco feito de uma variedade autóctone chamada Krstač (pronuncia-se 'Ker-statch', com o 'e' mudo). Rara, é cultivada apenas na Sérvia e em Montenegro, e a Plantaže é a única vinícola a fazer um monovarietal com ela. De acordo com as descrições encontradas, ela gera vinhos de baixo teor alcoólico, normalmente leves, com aromas de frutas de polpa branca e florais.

Mas este vinho entregou mais do que isso. Talvez devido à safra, e também devido à vinificação, o vinho tinha mais corpo e complexidade, mesmo sem ter estágio em madeira.

17 de julho de 2020

Secreto de Viu Manent Viognier

Viognier é uma variedade complicada. Tem uma intensidade e complexidade aromática excelentes, mas frequentemente peca pela acidez.

Original do norte do Rhône, mais especificamente das encostas de Condrieu, esteve próxima da extinção na década de 1960, com míseros 14ha plantados, todos no norte do Rhône. Antes que fosse tarde, seu potencial foi redescoberto, e hoje ela é virtualmente plantada em todo o mundo. Na França, se espalhou pelo restante do vale do Rhône e pelo Languedoc, mas é em Condrieu que alcança a excelência. Também cresceu muito em popularidade na Austrália, e na Califórnia, muitas vezes usada em corte, inclusive nos tintos, ao lado da Syrah, ao estilo da Côte-Rôtie.

O Chile não é um dos países que dão destaque para a Viognier. Há poucos hectares plantados (263ha, de acordo com o Wine Grapes). Mas algo eles estão fazendo de certo, pois o Secreto de Viu Manent Viognier 2017 é o terceiro Viognier que provo de lá, e todos os 3 cumpriram o objetivo de entregar a complexidade aromática com a acidez, tão difícil de se manter.

15 de junho de 2020

Vinho e feijoada

Quando se trata de harmonização, nada mais controverso do que vinho e feijoada. Até no meio de amantes convictos de vinho, quando surge a questão, sempre alguém vai dizer "caipirinha". Eu concordo: difícil encontrar um vinho que acompanhe tão bem uma feijoada quanto uma caipirinha.

25 de maio de 2020

Plantaže Crnogorski Vranac 2015

Parafraseando Jancis Robinson (em The World Atlas Of Wine), se países como Montenegro não nos apresentam há tempos vinhos de classe mundial, é por motivos políticos, e não geográficos: afinal, o país foi anexado pela Iugoslávia ainda após a I Guerra Mundial; ficou sob a influência da "cortina de ferro" durante a maior parte do Século XX; e após o esfacelamento do comunismo e da Iugoslávia, permaneceu unida à Sérvia, para só se tornar independente em 2006.

11 de maio de 2020

Cono Sur Late Riesling Cosecha Noble 2013

No final de fevereiro, passei na loja física da World Wine, e aproveitei para comprar alguns vinhos no saldão que estava acontecendo. Dentre as garrafas em saldão, me chamou a atenção uma meia garrafa de um colheita tardia a 50% de desconto, por apenas R$33. Mas o que realmente me convenceu foi a recomendação da sommelière, que pretendia comprar daquele vinho pra si.

24 de abril de 2020

Don Guerino Teroldego Origine 1880

Quando os imigrantes italianos desembarcaram no Brasil, muitos trouxeram mudas de videiras, para plantar aqui. Mas infelizmente, sem resistência às pragas existentes em solo brasileiro (principalmente, a filoxera), a esmagadora maioria dessas videiras importadas morreram. Daí, a viticultura brasileira se desenvolveu a partir de uvas americanas, e posteriormente, com variedades internacionais.

13 de abril de 2020

O vinho amarelo

Na época da faculdade, participei do programa de "Graduação Sanduíche", precursor do Ciência Sem Fronteiras. Passei um ano na França; e durante o verão, antes do início das aulas na faculdade, o programa alocou os estudantes brasileiros em um curso intensivo de francês, em Besançon, leste da França. Como de costume por lá, a escola promovia diversas atividades extra-curriculares aos alunos. Uma delas foi uma visita à vizinha cidade de Arbois, encravada na pouco conhecida região vinícola do Jura.

10 de março de 2020

Mega Spileo Grand Cave White 2016

Já comentei no blog a respeito de diversos vinhos da Cavino, e em especial dos vinhos do projeto Mega Spileo, em que a Cavino cultiva os vinhedos do milenar monastério que deu nome à linha de vinhos. Mas creio que faltava um texto dedicado ao Mega Spileo Grand Cave White 2016.

9 de fevereiro de 2020

Tokaji Eszencia

Quando lemos e estudamos sobre vinhos, há alguns que, pelo alto custo e/ou pela raridade, pensamos: "taí um vinho que nunca vou ter a oportunidade de provar". Foi isso que pensei nas vezes que li a respeito do Tokaji Eszencia: o ápice, o mais raro e caro vinho de Tokaj, na Hungria. Para se ter uma idéia, no Brasil, uma garrafinha de 250mL é vendida por mais de R$3000.

A região de Tokaj, na Hungria, é famosa por seus vinhos doces - Tokaji Aszú - produzidos com uvas botrytizadas. Diferentes percentuais de uvas botrytizadas levam a vinhos de diferentes concentrações, e já não são exatamente baratos.

Mas Tokaji Eszencia é 100% feito de uvas botrytizadas, produzido a partir do "mosto flor", que se acumula no fundo dos barris, quando as uvas são esmagadas pelo próprio peso. Esse mosto é tão rico em açúcar (mais de meio quilo de açúcar por litro), que as leveduras têm extrema dificuldade em fermentá-lo. Por isso, a fermentação leva alguns anos, para atingir um teor alcoólico que mal chega aos 5%. É um vinho de uma concentração ímpar, em açúcar, acidez e sabor.

18 de janeiro de 2020

Anthemis Samos 2011

O grande orgulho dos gregos são seus vinhos doces. Seja fortificado, ou feito de uvas secas ao sol, esses vinhos eram o grande sucesso de exportação durante a Idade Média, e foram os primeiros a ganhar o status de Denominação de Origem Controlada (Ονομασία Προέλευσης Ελεγχόμενη). Há vinhos doces produzidos no continente, e em diversas ilhas. A variedade de uva mais usada e difundida em mais regiões é a Moscatel, dando origem aos vinhos: Moscatel de Patras, Moscatel de Rio Patras, Moscatel de Lemnos, Moscatel da Cefalônia, Moscatel de Rodes, e o mais renomado de todos, Samos.