12 de outubro de 2022

Bastardo na Madeira

De uma lista de mais de 20 castas outrora comumente utilizadas na produção de Vinho Madeira, muitas caíram em desuso ao longo do Século XX. Algumas castas anônimas, cultivadas em quantidades minúsculas, ainda entram em lotes de vinhos sem denominação de casta; outras teriam sido mesmo extintas. É o caso da Bastardo.

26 de julho de 2022

Soalheiro Terramatter 2015

A Alvarinho é uma variedade bastante eclética. De um lado ou do outro da fronteira (Portugal e Espanha), é bastante comum que o mesmo produtor faça diferentes estilos de vinho Alvarinho, aplicando diferentes técnicas de vinificação: maceração pré-fermentativa, fermentação em barris, conversão malolática, estágio sur lies com ou sem bâtonnage, estágio em madeira... ou nenhuma dessas técnicas. Um que eu ainda não tinha provado era um Alvarinho engarrafado sem filtragem. O primeiro, foi o Soalheiro Terramater 2015.

24 de abril de 2022

A longevidade da Loureiro

Este ano, voltei a participar da Essência do Vinho - Porto; desta vez, como morador da cidade. Uma das atividades que me chamou a atenção na feira, e que não pude deixar de participar, foi a degustação Loureiro, a Estrela do Lima, que prometia abordar a capacidade de envelhecimento desta variedade.

1 de março de 2022

Quinta do Canto Garrafeira 1994

Ou, De Quando um decanter é realmente útil

Já li por aí em algum lugar na Internet, algum "digital influencer" dizer que os decanters são um acessório completamente supérfluo, de esnobismo. É verdade que não é qualquer vinho que se irá beneficiar dele. Mas quando abrimos um vinho como o Quinta do Canto Garrafeira 1994, é que vemos o quanto um decanter pode ser importante.

12 de fevereiro de 2022

César, rara variedade borgonhesa, no Chile

Como vimos na História do vinho chileno, o Chile importou muitas variedades francesas a partir de 1818 (sua independência), ou seja, bem antes da filoxera atingir a Europa. A existência de uma variedade chamada Romano em solo chileno, provavelmente data dessa época.

Na França, conhecida como César ou Romain, é uma variedade de que quase não se houve falar, uma das poucas exceções numa Borgonha dominada por Pinot Noir e Chardonnay, cultivada quase exclusivamente na comuna de Irancy. Ambos nomes pelo qual é conhecida remetem a uma origem na Roma Antiga, hipótese que foi posta em cheque com a descoberta de seu parentesco. Exames de DNA determinaram que ela é uma descendente da Pinot Noir; e portanto, improvável que tenha sido trazida até ali pelos romanos.

18 de janeiro de 2022

3 jovens negras

Três jovens negras: esse é o significado do nome do vinho 3 Fete Negre da Aurelia Vişinescu. Um corte que leva 3 vezes a variedade Fetească Neagră (tantas vezes mencionada neste blog), porém de 3 anos diferentes. Neste que é da Seria 6, nomeado por edições, por não ser safrado, é um corte das safras 2014, 2015 e 2016, que passaram ao menos 18 meses estagiando em barricas de carvalho romeno.

O vinho é da DOC - CT Dealu Mare, a mais famosa e reconhecida DOC romena (e também já diversas vezes mencionada por aqui). E como curiosidade da legislação romena, vale a menção à sigla CT, de Culesul Tarziu. Literalmente, significa sim, colheita tardia. Mas nada tão tardia assim, tal como estamos acostumados à expressão, em vinhos doces. No caso da Romênia, talvez seja melhor traduzido como "uvas sobremaduras", indicando que ficaram no pé um pouquinho mais do que a "plena maturação", para resultar em um vinho com taninos mais polidos, e aromas a frutas mais maduras, até mesmo um pouco compotadas.

É um vinho de cor rubi intensa, corpo médio/alto, com taninos polidos e bem presentes (M+), e acidez na medida (M+). Nos aromas, salta da taça o chocolate (que associo ao carvalho romeno), mas também há geléia de amora, mirtilo, um pouco de figo, tostado, notas de especiarias doces, como cravo e pimenta-da-Jamaica. Sua estrutura lhe permite ser guardado ainda por muitos anos. Esta última garrafa, ainda guardei por um par de anos, mas as circunstâncias não me permitiram guardá-la por mais.