22 de dezembro de 2019

Etél Rosato di Toscana 2018

Os rosés são vinhos injustamente pouco apreciados no Brasil. Não é o meu caso, eu gosto bastante de vinhos rosés, como é possível verificar no histórico do blog. No entanto, mesmo eu não estou muito propenso a pagar R$186 por um vinho rosé.

Por isso, quando recebi email do lançamento do Etél 2018, não dei muita bola. Mas quando um amigo, que não costuma gostar de rosés, me mandou uma mensagem falando "compra, que é top", eu não podia passar batido.

7 de dezembro de 2019

Satèn: o espumante inspirado na seda

Em qualquer lugar, pode-se fazer espumantes pelo método tradicional, um blanc de blancs, um brut. Mas só em Franciacorta é possível encontrar o Satèn.

15 de novembro de 2019

Malamado Viognier 2013

Há quatro anos, nos reunimos pela primeira vez na casa de um confrade da Nossa Confraria, e na ocasião, ele nos mostrou a sua 'adega'. Tratava-se do fundo do armário do quarto, onde ele deixava os melhores vinhos (os vinhos do dia-a-dia, ele mantinha na despensa, mesmo).

10 de novembro de 2019

ArmAs Areni

A Geórgia é apontada como o berço da vitivinicultura; mas a Armênia, sua vizinha no Cáucaso, também faz parte da área onde provavelmente o homem fez vinho pela primeira vez. Na realidade, a evidência arqueológica mais antiga foi encontrada na Armênia: trata-se de uma prensa e recipientes de barro, com sementes e engaços fossilizados, datados de 6000 anos atrás, e encontrados em uma caverna batizada Areni-1 (veja aqui).

13 de outubro de 2019

Stellenrust Chenin Blanc '48' Barrel Fermented 2012

Qual a variedade mais cultivada da África do Sul? Não é a Cabernet Sauvignon, e muito menos a Pinotage. As uvas mais cultivadas no país são as brancas, e a Chenin Blanc, de longe, ocupa a primeira posição.

A Chenin Blanc é originária do Vale do Loire, na França, onde, no clima marítimo e frio, costuma ser usada para vinhos secos e minerais, ou néctares doces, inclusive com botrytis cinerea. Na clima mais quente da África do Sul, gera estilos bastante distintos, do Loire, e entre si. Grande parte da produção se destina a vinhos frescos, para matar a sede. A outra parte busca na malolática, bâtonnage e estágio em carvalho, diferenciar seus vinhos, aportando mais corpo e complexidade.

18 de setembro de 2019

Brandina Assemblage 2013

Nos últimos 15 anos, a técnica da dupla poda - usada para "inverter" o ciclo da videira, transferindo a colheita para o inverno - tem possibilitado uma explosão de novas vinícolas produzindo vinhos finos em lugares antes inimagináveis, na Serra da Mantiqueira.

31 de agosto de 2019

Yamantiev's Reserve Alicante Bouschet Single Vineyard

Vinhos da Bulgária não são mais uma novidade, como se vê na quantidade de vinhos búlgaros já comentados nessas páginas. Novidade é um vinho búlgaro feito de Alicante Bouschet. É disso que se trata o Yamantiev's Reserve Alicante Bouschet Single Vineyard 2014.

10 de agosto de 2019

Breve história do vinho

Não é possível determinar com precisão quando o vinho foi feito pela primeira vez… O vinho nem ao menos foi inventado. Estava ali, para ser descoberto, em qualquer recipiente em que as uvas fossem estocadas por algum tempo, e retivesse seu suco. É até estranho pensar que o acidente da formação do vinho nunca tenha ocorrido nas mãos dos nômades primitivos.
Hugh Johnson - The story of wine

A lenda mais citada a respeito da origem do vinho remete à corte de um rei persa chamado Jamshid. Conta a lenda que uma de suas esposas tentou se suicidar comendo uvas que haviam sido largadas em uma jarra, estavam espumando, e tinham cheiro estranho. Em vez da morte, ela encontrou euforia, e em seguida um sono revigorante. A partir de então, o rei e sua corte passaram a deixar as uvas fermentarem antes do consumo.

12 de julho de 2019

Colle Maggio Montepulciano d'Abruzzo Riserva 2013

Nesse fim de semana da friaca, eu e Thais fomos almoçar com um amigo no Lume. Eu queria aproveitar o período de friagem, para tomar um tinto; mas considerando o cardápio do restaurante, quis evitar um muito encorpado. Acabei optando pelo Colle Maggio Montepulciano d'Abruzzo Riserva 2013, que recebi da Winelands.

9 de julho de 2019

Hétfürtös Tokaji Aszú 6 Puttonyos 2000

A famosa podridão nobre é caprichosa. Esse fenômeno, que apodrece as uvas, mas "só um pouquinho" - o suficiente para furar as cascas, e assim permitir a perda de água, concentrando nas uvas acidez, açúcar e sabor - depende de condições bastante específicas e efêmeras. Ocorre em poucas regiões do mundo, e não ocorre todos os anos. Por isso, a intensidade desses vinhos pode variar bastante: de liquidozinhos insossos, aos melhores vinhos doces do mundo.

26 de junho de 2019

Château Musar 2010

Apesar do predomínio da religião muçulmana, o Líbano tem uma tradição na produção de vinhos de mais de 150 anos - ininterruptos, apesar da guerra civil entre 1975 e 1990, e dos conflitos com a vizinha Israel. Em 1857, monges jesuítas fundaram a primeira vinícola (Château Ksara), com videiras da variedade Cinsault, trazidas da colônia francesa da Argélia.

Desde o início a indústria vinícola se centrou no Vale do Bekaa. O Vale está encrustado entre duas cordilheiras (Monte Líbano e Antilíbano), que correm paralelas ao litoral. As montanhas fornecem abrigo de influências marítimas, garantindo ao vale um clima continental. A altitude base de 1000 metros sobre o nível do mar garante importante amplitude térmica entre o dia e a noite 0 que compensa a baixa latitude (33°N). E além de proteger contra influências mediterrâneas, as duas cadeiras de montanha proveem grande quantidade de água, na forma de degelo, que garante ao vale um clima muito propício para produção de diversas frutas, inclusive uvas.

A influência francesa na vinicultura, se intensificou no período entre guerras (1918-1945), em que o país foi colonizado pela França. Neste período, imigrantes franceses fundaram novos châteaux no Vale do Bekaa, plantaram mais variedades francesas, principalmente do sul do Rhône - Cinsault, Carignan, Grenache, Syrah - além das internacionais Cabernet Sauvignon e Merlot. Além das vinícolas e das variedades de uva, até a associação nacional de produtores tem nome francês: Union Vinicole du Liban.

11 de junho de 2019

Grappa di Sassicaia

Bagaceira em Portugal, marc na França, orujo na Espanha, grappa na Itália... cada país europeu com tradição vinícola tem a sua versão de destilado de bagaço das uvas - o material sólido, descartado na produção do vinho. Foi uma forma, em épocas de escassez, de aproveitar ao máximo o que a natureza oferecia.

30 de maio de 2019

Justino's Madeira Colheita 1995

Na Madeira, as uvas brancas são consideradas as mais nobres, mas quem domina os vinhedos é a Tinta Negra Mole. De acordo com as estatísticas oficiais[*], ela ocupa 80% da área de vinhedos. Versátil, resistente a doenças, adaptada ao clima local, vigorosa e produtiva, ela provavelmente foi introduzida na ilha durante o Século XVIII, mas passou a dominar os vinhedos com o replantio que se seguiu à filoxera, que atingiu a ilha em 1872.

19 de maio de 2019

Vinho tinto de uvas brancas?

Vinho branco de uvas tintas, ok. Como a pigmentação que dá cor aos tintos, normalmente, está na casca, com um esmagamento e prensagem cuidadosos, em bica aberta (sem curtimenta), tiramos um mosto incolor de uvas tintas, que resulta em vinho branco. Em vinhos tranquilos, não é comum, mas os há, aqui e ali. Já no mundo dos espumantes, é bem mais comum, como nos confirma a expressão blanc de noirs.

E vinho tinto de uvas brancas?

Não é permitido adicionar corante nos vinhos, portanto são necessárias uvas tintas para se fazer um vinho tinto. Já uma mescla de uvas brancas e tintas, aí sim, é possível. Pequenas adições de uvas brancas em vinhos tintos não são incomuns. O exemplo mais notório são os Syrahs do Rhône Norte, que podem contar com uma adição de até 20% de uvas brancas.

5 de maio de 2019

Benedito Beef Wellington

Já fazia um tempinho que a Thais falava que queria ir ao Benedito. Trata-se de um restaurante estilo bistrô, localizado no Cambuí. Finalmente calhou de marcarmos com uns amigos, de almoçarmos lá num domingo.

Olhando o cardápio no site, quando bati o olho no Beef Wellington, não tive duvida de qual prato iria pedir; e também, qual vinho iria levar, para acompanhar o prato. Levei o Moulins de Citran 2006, um vinho de Bordeaux (AOC Haut-Médoc), que havia comprado havia já uns meses, no Sonoma.

28 de abril de 2019

Safrá 2015

Sejam tinajas, ânforas ou qvevris, o resgate da vinificação em vasilhames de barro tem inspirado produtores em diversos países, e criou um novo nicho no mundo do vinho.

14 de abril de 2019

A linhagem das Carmenets

Existem provavelmente mais de 10 mil variedades de uva vinífera (Vitis vinifera) no mundo. De acordo com a ampelografia - a área de conhecimento que estuda e classifica todas essas variedades - essa imensa diversidade que temos foi gerada a partir de cruzamentos entre variedades diferentes, ocorridos nos vinhedos, de forma natural, ou provocada pelo ser humano. Isso significa que as variedades que temos hoje possuem relação de parentesco - comprovados nas últimas décadas com testes de DNA - que permitem agrupamentos em 'famílias' (ou linhagens) de cultivares.

A Carmenet representa talvez a mais influente dessas linhagens, no mundo atual. Ela engloba, grosso modo, as variedades tintas bordalesas, incluindo as onipresentes Cabernet Sauvignon e Merlot, a primeira e segunda variedades mais cultivadas no mundo. Carmenet é um nome histórico da Cabernet Franc, considerada o 'patriarca', o antecessor das outras variedades que compõem a 'família'.

A principal característica dos membros dessa linhagem é a capacidade de produzir metoxipirazinas, compostos aromáticos que remetem ao pimentão. Assim como a Cabernet Franc, todos os descendentes têm tendência a gerar esses aromas nos vinhos, alguns mais, outros menos.

8 de abril de 2019

PX Solera Fundación 1902

Montilla-Moriles é inevitavelmente associado a Jerez, afinal, também se localiza na Andaluzia, e produz os mesmos estilos de vinhos: Fino, Amontillado, Palo Cortado, Oloroso, PX, Pale Cream, etc, em sistemas de criaderas y solera. No entanto, Montilla-Moriles é uma denominação de origem distinta. Localizada a 160Km de Jerez em direção ao interior, apresenta um clima mais quente e mais árido, com menor influência marítima. Além disso, a variedade Pedro Ximénez é usada para produzir tanto vinhos doces, quanto os secos; e nesse clima árido, ela consegue atingir níveis muito altos de açúcar, de forma que os vinhos conseguem atingir naturalmente até 16% de teor alcoólico. Por isso, os estilos secos de Montilla-Moriles em geral não são fortificados.

31 de março de 2019

Clos Mogador 2005

Se hoje o Priorato é uma das regiões mais conceituadas da Espanha (se não a mais), é graças ao Clos Mogador, e ao seu produtor, René Barbier.

23 de março de 2019

Single Vineyard Stevens Hunter Semillon

Em 2015, escrevi a respeito de um autêntico Sémillon de Hunter Valley, vinho memorável que eu havia conhecido na ocasião. Infelizmente, se já é difícil achar vinhos australianos por aqui, imagina um vinho tão específico. Mas fuçando pelas prateleiras do Museu da Gula, há um par de meses, encontrei uma garrafa de um Sémillon de Hunter Valley esquecido na prateleira; nem preço tinha. Catei a única garrafa, pra perguntar o preço no caixa. E diante da barganha (R$83), perguntei se havia mais em estoque, mas infelizmente, não havia.

11 de março de 2019

Serbal Malbec Rosé 2017

Na reunião de final de ano da Nossa Confraria, o nosso confrade-chef Alê se prontificou a fazer uma paella de frutos do mar. Ainda não provei um vinho que case melhor com uma paella do que um bom rosé mais encorpado. O vinho precisa ter intensidade, senão vira água, o que ocorre com a maioria esmagadora dos brancos. Um tinto leve, pode ser, mas não casa tão bem com os frutos do mar, nem com a pimenta, daí o rosé estruturado entra como uma opção ao tinto, um pouco mais fresca, sem atropelar os frutos do mar, e sem sumir diante da intensidade de temperos.

17 de fevereiro de 2019

A Promessa de Aurelia Vişinescu

Já conheço desde 2013 os vinhos de Aurelia Vişinescu, e já comentei a respeito de sua história aqui. Ela é nada menos que a mais famosa enóloga romena, fazendo sucesso internacional com sua vinícola fundada em 2002, na região de Dealu Mare, a mais conhecida da Romênia.

Este ano, chegou ao Brasil seu mais novo lançamento, chamado Promessa - assim mesmo, igualzinho em português. O vinho é uma síntese de seu trabalho, um corte entre a romena Fetească Neagră com a internacional Syrah, com DOC Dealu Mare, envelhecido por 12 meses em barris de carvalho romeno [*].

10 de fevereiro de 2019

Madame Bobalú

Como assinante do Vinhoclube Ouro, meu pai está sempre cheio de vinhos tintos; e quando vou pra BH, ajudo a baixar um pouco o estoque. São vinhos de categoria básica, mas de vez em quando tem algum que surpreende.

8 de fevereiro de 2019

Cachaça Dona Bica

Tenho um amigo de Arceburgo, cidadezinha no interior de Minas, quase na divisa com São Paulo. Cidade do interior pode não ter tanta coisa, mas tem produtos da roça: produtos da terra, artesanais, com mais qualidade e mais baratos. De vez em quando a gente 'encomenda' com ele, mel e cachaça. Mel em garrafa, que açucara, você percebe que é puro, diferente desses que a gente encontra no supermercado. Nem tem marca, na etiqueta consta apenas "Mel", o endereço e telefone do produtor.

26 de janeiro de 2019

Muscat de Saint Jean de Minervois

Procurar fontes diferentes, de vez em quando, é uma boa oportunidade de encontrar novidades interessantes. Uma dessas fontes fora do meu padrão é a Casa do Vinho Famiglia Martini, que convenientemente fica perto da casa dos meus pais, e eu sempre tento dar uma passada lá, quando vou a BH.

Dessa vez, um dos vinhos que me chamou a atenção foi o Vendanges d'Automne, produzido pela cooperativa Les Vignerons de Saint Jean. Trata-se de um vinho doce fortificado, feito a partir de uvas Moscatel Branca, ao redor da comuna de Saint Jean de Minervois; e por isso, ganha a denominação de origem Muscat de Saint Jean de Minervois.

20 de janeiro de 2019

Campanha de espumantes da Vinumday

Dentro da grande diversidade de e-commerces de vinho, a Vinumday tem a proposta mais singular (literalmente): a cada dia, oferecem apenas um vinho. Mas a grande sacada - e ainda não entendo como outros sites ainda não adotaram a mesma idéia - é a adega virtual: para não embutir o custo do frete nos preços, nem onerar o cliente, eles oferecem guardar o vinho comprado em uma adega virtual, até que o cliente solicite despachar os vinhos (com a possibilidade de alcançar o valor para frete grátis, que depende do destino).

Mas neste mês de dezembro, eles lançaram uma campanha diferente, dentro da proposta deles, de espumantes brasileiros. Foram 5 produtores diferentes, um a cada 3 dias, com diversos rótulos de cada produtor, com possibilidade de compras individuais, ou em pacotes de ofertas. Haviam desde espumantes básicos, para matar a sede à beira da piscina, quanto tops, para se beber contemplando. Me abasteci de espumantes pras festas de fim de ano, e o resultado saiu melhor do que a expectativa. Por isso, resolvi dedicar um texto ao tema, comentando os que comprei.

12 de janeiro de 2019

Santa Julia Rosado Edición Limitada

Passando pela sessão de vinhos do Pão de Açúcar, essa garrafa me chamou a atenção. Não apenas pelo rótulo irreverente, mas também pela bela cor salmão brilhante do vinho. Trata-se do Santa Julia Rosado Edición Limitada 2017, pertencente à marca Santa Julia, que contempla as linhas de entrada da Familia Zuccardi.

10 de janeiro de 2019

Marco Luigi Champenoise 10 Anos Nature 2005

Dentre os poucos processos de produção de espumantes, o método tradicional - ou Champenoise - é considerado o mais nobre. Champenoise faz referência a Champagne, e os franceses não gostam que se use esse nome em vão, quer dizer, em produtos que não sejam da região de Champagne. Por isso, é mais adequado usar o nome método tradicional, mas se trata da mesma coisa. E os grandes espumantes do mundo são produzidos por este método.