A cachaça, por sua vez, se chama Dona Bica. Ela é produzida em uma propriedade de nome Fazenda Café Velho, e o nome é uma homenagem a uma funcionária, que trabalhou a vida toda na fazenda, e ainda hoje, mesmo aposentada, mora em uma casinha ali, perto da entrada da propriedade. Tradicionalmente, produz-se ali dois tipos de cachaça, uma Prata, sem envelhecimento, e uma Ouro, que descansa em tonéis de amendoim. Esta última, até então, era a minha preferida, uma típica cachaça curtida em madeira, mais macia que a média, e com preço bem atrativo: só R$40.
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Comparação da cachaça de 2005 (à esquerda), com a Ouro tradicional |
De vez em quando, esse nosso amigo chama a gente pra passar um fim de semana na chácara comendo e bebendo do bom e do melhor. Da última vez, aproveitamos o sábado de manhã para visitar o alambique. Infelizmente, o produtor não estava na hora, mas conhecemos a Dona Bica, e um funcionário da fazenda nos auxiliou com a prova dos produtos e a venda.
Para nossa surpresa, além da Prata e da Ouro, ele mostrou uma terceira, que tinha acabado de ser engarrafada, de um tonel de carvalho onde envelhecia desde 2005! Com todo esse tempo, dá pra imaginar a intensidade e maciez da cachaça. A cor era de um âmbar escuro, que eu nunca tinha visto numa cachaça pura. O sabor típico da cachaça se esconde em notas de caramelo, baunilha, rapadura, frutas secas, tostado e especiarias. E a maciez, comparável às melhores cachaças. E depois de 13 anos de guarda, ele a vende por módicos R$65.
É um outro estilo de cachaça, muito mais complexa, que pode desagradar aos puristas, mas que pode ser colocada em nível de igualdade com os melhores rums e talvez até alguns whiskies.
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