16 de agosto de 2013

Peito de pato com Chardonnay da Bulgária

Nesta noite fria de sexta-feira, Thais preparou um peito de pato ao molho de laranja, buscando reproduzir um prato que comeu na Espanha.

O preparo começou com o molho: em uma panela, ela derreteu açúcar até virar caramelo. Em seguida, adicionou 30mL de vinho Marsala (daquele Marsala Secco que comprei em promoção), o suco de duas laranjas, 150mL de calda de tangerina, e deixou cozinhando com um ramo de alecrim e outro de tomilho, frescos.

O peito de pato, por sua vez, foi temperado com sal e pimenta do reino, e grelhado na frigideira. Primeiro, com o lado da pele para baixo, que criou uma crosta, e liberou a gordura para grelhar o outro lado. Após grelhar os dois lados, ela fatiou o peito, e despejou o molho por cima. Serviu com palmitos em rodela, e batatas assadas com sal grosso e alecrim.

O molho tinha caráter adocicado, marcado pelo sabor caramelizado, tanto pelo açúcar, quanto pelo Marsala. Em contrapartida, o toque cítrico da laranja (e da tangerina) davam um ponto de contraste necessário. E, claro, tudo em harmonia com o sabor marcante do peito de pato, que eu adoro!


O vinho escolhido...

...para harmonizar foi o LS Chardonnay Barrique 2010, um dos vinhos exóticos que recebi da Winelands. Eu não havia provado o vinho antes, mas gosto de brancos amadeirados para acompanhar pato: acho que os dois têm tudo a ver. E o molho de laranja reforça ainda mais a necessidade de um vinho branco com um toque adocicado, que no caso, seria entregue pelo toque de baunilha e mel obtido graças à madeira.

Ao abrir o vinho, confirmei que ele seria totalmente adequado - e independente do prato, era muito gostoso, também. Muito bem equilibrado, com boa acidez, untuoso, com bom corpo e um toque adocicado perfeito para o molho de laranja. A paleta aromática inclui notas adocicadas de abacaxi maduro, lichia, manteiga, e especiarias doces. E não estou falando daquela baunilha exacerbada que deixa muitos vinhos enjoativos. Tinha algo de baunilha, sim, mas numa sintonia com cravo, cardamomo e avelãs. E a acidez garantia o equilíbrio do vinho.

Ele é produzido por Lovico Lozari JSC, fermentou e amadureceu em barricas de tosta leve, por 6 meses. É feito em quantidade limitada - 1910 garrafas por ano (ou seriam 3700?) - e vendido em garrafas numeradas. A minha é a nº 1062.

7 de agosto de 2013

Witbiers e a Isaac Baladin


Witbier: cerveja branca

A primeira vez que provei uma cerveja do estilo witbier (cerveja 'branca', da Bélgica), foi em um bar na França, com alguns amigos do trabalho, em 2002. O bar oferecia uma bandeja de degustação com 12 copos (pints), cada um com uma cerveja de um tipo, todas belgas. Na época ninguém conhecia aquele estilo - havia eu, um espanhol, uma sueca, uma croata, uma lituana, e uns franceses. Todos provaram aquela cerveja quase branca, e ninguém gostou. Ela quase não lembrava o gosto de cerveja, era bastante amarga e cítrica.

Este é um estilo tradicional de cerveja belga. Andou em decadência, mas renasceu com a marca Hoegaarden. Ela é feita a partir de cevada maltada, e trigo não maltado, fator ao qual ela deve sua cor clara. Já o sabor vem de 'temperos', normalmente coentro e cascas de laranja. Tradicionalmente, estes temperos eram utilizados no lugar do lúpulo, como conservantes. Hoje em dia, utiliza-se um pouco de lúpulo, também. Assim, pelo pouco lúpulo e pelo uso de trigo não maltado, sentimos muito pouco daquele sabor característico da cerveja, e sentimos muito do amargor cítrico das cascas de laranja. Pela sua tipicidade ela costuma despertar reações extremas: muitos adoram, outros tantos não suportam.

Elas são normalmente refermentadas na garrafa: acrescenta-se açúcar e mais fermento no engarrafamento, e o resultado desta fermentação que irá gerar o gás da bebida. Este fermento permanece na bebida, deixando-a turva. Por isso, o processo de serviço tem cuidados: deve-se servir 2/3 da garrafa, girá-la para dissolver o fermento em suspensão, e em seguida servir o restante: toda a garrafa no mesmo copo.

4 de agosto de 2013

Arenae Ramisco 2005 - DOC Colares


Na minha última viagem a Portugal, trouxe dois vinhos raros, duas preciosidades: duas garrafas de vinhos da D.O.C. Colares, feitos com a casta Ramisco. Na companhia do meu pai, resolvi abrir uma delas: Arenae Ramisco 2005, produzido pela Adega Regional de Colares, uma cooperativa que reúne 90% dos produtores da região.

Colares, nos arredores de Lisboa, acumula peculiaridades. É a região demarcada mais ocidental da Europa continental. As vinhas são plantadas em areia, de frente para o Atlântico, e sofre com ventos marítimos muito fortes. Em teoria seria uma das regiões mais inóspitas para cultivo de uvas. No entanto, com técnicas específicas locais para driblar as adversidades, produz-se vinhos únicos.

Por causa do vento, as vinhas crescem sem condução, expandindo-se horizontalmente, pelo solo. Além disso, são cobertas por paliçadas de cana seca. No entanto, quando o cacho começa a crescer, se ficasse em contato com a areia, se queimariam com o calor, e não amadureceriam. Por isso, os produtores suspendem cada cacho individualmente com gravetos, o suficiente para não tocarem o solo.

Porque são plantadas na areia (em solo coberto de areia), elas estão imunes ao ataque da filoxera. E por isso, são uma das raras localidades onde as videiras não precisam de porta-enxerto.