12 de março de 2017

Fiano di Avellino

No último texto, comentei sobre um vinho de Taurasi, provavelmente a DOCG de maior reputação do sul da Itália. Ela se localiza na Campania, mais precisamente na província de Avellino. Mas a reputação vinícola dessa província interiorana encravada nos montes Apeninos não se limita aos tintos. Ela também possui brancos dignos de nota. Uma área delimitada ao redor da capital - que também se chama Avellino - recebe a DOCG Fiano di Avellino.


Fiano

Fiano é o nome da variedade de uva, protagonista dessa DOCG. Cultivada na região há pelo menos 2000 anos, seu nome viria de vitis apiana, que em tradução livre, significa videira das abelhas. Seus frutos possuem grande concentração de açúcar, boa complexidade aromática, e bom potencial de guarda. Sua desvantagem é a baixa produtividade, primeiro porque tem grãos pequenos, e em segundo porque as videiras possuem baixo rendimento; e isso quase lhe custou a extinção, até a década de 1970.

Assim como em outras DOCs da Campania, a virada veio com Antonio Mastroberardino, que mudou os conceitos regionais, valorizando qualidade em vez de quantidade, e mostrando o potencial das variedades autóctones de região. Seu trabalho inspirou outros produtores pela região, como o Feudi di San Gregorio. Idealizado pelo casal Mirella Capaldo e Vincenzo Ercolino, o 'Feudi' foi fundado em 1986, unindo as duas famílias em torno do projeto. Inspirados por Mastroberardino, eles também investiram na valorização da qualidade e das castas locais; e apesar da história muito mais curta, alcançaram a mesma reputação, sendo hoje uma das principais referências da província de Avellino.

A vinícola está instalada em Sorbo Serpico, em meio à DOCG Fiano di Avellino, e produz 2 rótulos de linha regular sob a DOCG, além de rótulos de produção limitada de single vineyards (provenientes de um único vinhedo). Tive a oportunidade de conhecer o rótulo de entrada, chamado simplesmente Fiano di Avellino, da safra 2014, na mesma ocasião do Taurasi.

Apesar de se tratar de um rótulo de entrada de gama da vinícola, dá pra perceber que se trata de um vinho diferenciado. A começar pelo aroma complexo, em que notas de frutas de caroço, outras frutas mais exóticas como a carambola, toques cítricos, florais, resinosos, e até notas de avelã se intercalavam na taça. Na boca, tinha corpo médio, boa acidez (média/alta), era levemente salino - uma característica normalmente atribuída ao solo vulcânico de Avellino - e com sabor de média intensidade, em que as notas florais e cítricas se ressaltavam. É um vinho fora do lugar-comum, que chama a atenção. E que me dá vontade de pegar um vôo para Nápoles, para conhecer mais vinhos da região.

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