7 de novembro de 2020

Gusbourne 2011: espumante inglês top

Em 2016, em viagem na Inglaterra, provei alguns vinhos ingleses (aqui), e um espumante, que não prometia muito (aqui). Mas eu havia guardado o melhor para depois: trouxe na mala um Gusbourne Brut Reserve 2011.
Gusbourne é uma propriedade de família tradicional inglesa, com séculos de idade, e que em 2004, resolveu investir na produção de espumantes de qualidade. Ela se localiza no condado de Kent, no extremo sudeste da ilha, no ponto mais próximo do continente europeu. Além de ser a região menos fria e menos úmida da Inglaterra, os solos são considerados iguais aos de Champagne. Plantaram 60ha das uvas de Champagne, e não pouparam investimentos para fazer um produto de qualidade.

O espumante é feito com as variedades de Champagne (42% Chardonnay, 36% Pinot Noir e 23% Pinot Meunier), com processo o mais parecido possível com Champagne: as uvas foram colhidas a mão, em outubro, prensadas em cachos inteiros, fermentaram a baixa temperatura com leveduras especializadas para Champagne, passou por malolática, e foi engarrafado em 10 de maio de 2012, para a segunda fermentação em garrafas. Permaneceu por 36 meses com as leveduras, e após o dégorgement, recebeu adição de licor de dosagem, para alcançar 9g/L de açúcar. Tendo 8 g/L de acidez, essa dosagem nem se percebe.

De acordo com a ficha técnica, 2011 foi um bom ano. Apesar de uma primavera fria ter reduzido a floração (coulure), e consequentemente os rendimentos, um mês de setembro ensolarado permitiu que colhessem as uvas "mais cedo" (em meados de outubro), com ótima madurez.

Após 4 anos guardado, resolvi abri-lo este mês. A rolha ainda tinha alguma elasticidade. O líquido era de cor dourada, de média intensidade, e o perlage era muito intenso e fino. O aroma era relativamente discreto, mas já com alguma complexidade: trazia notas cítricas (limão siciliano), pera, muita maçã verde, mel, e crème brulée. Na boca, era cheio de corpo, cheio de acidez, e mal se percebia o açúcar, exceto pelo equilíbrio que ele trazia ao conjunto. O retrogosto era longo, trazendo as notas cítricas e o crème brulée ainda mais em evidência.

Enfim, não foi nada barato (£39), mas mostrou aquilo que se tem dito dos espumantes ingleses: são muito, muito, bons.

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