Icewine é um vinho doce, feito com uvas que se congelaram no pé. É necessário que a temperatura permaneça por alguns dias abaixo de -7ºC. As uvas são colhidas e prensadas ainda congeladas, de forma que a maior parte da água - na forma de gelo - seja retirada e o mosto se torna muito mais concentrado: muito mais açúcar natural, muito mais ácidez natural, e muito mais aromas.
Por causa da forma como é produzido, os Icewines sempre têm um rendimento muito pequeno, e por isso são caros. Mitja disse que foram necessários 1000Kg de uva para produzir 180 litros de vinho. Além disso, não é possível produzi-lo todos os anos. Nos últimos 3 anos, as condições climáticas não permitiram a produção do vinho.
No caso do Gomila Icewine Welshriesling 2009, foi feito com a variedade Riesling Itálico, uma variedade produtiva e de muita acidez, que normalmente não gera bons vinhos brancos, mas é indicada para espumantes e vinhos licorosos. As uvas deste vinho foram colhidas em 20 de dezembro, às 6:30 da manhã, quando a temperatura fazia -20ºC. Aproximadamente 1/3 das uvas havia sido atacada por Botrytis (a podridão nobre - para saber do que se trata, clique aqui). A fermentação levou 6 semanas, e se interrompeu naturalmente deixando o vinho com 211g/L de açúcar e apenas 9g/L de álcool.
Só de vê-lo escoando da garrafa à taça, já é possível perceber como é um vinho concentrado, viscoso. Possui uma cor amarelo-dourada bem brilhante. É possível perceber muito nitidamente aquele aroma químico típico dos vinhos botrytizados, como acetona, cera de abelha e resina, além de notas de mel, frutas de caroço e menta. Na boca, percebe-se um vinho muito denso, com intensa doçura, que é acompanhada de uma deliciosa acidez que faz salivar, e curiosamente, um toque salgado. E, claro, uma persistência aromática muito longa. Foi a primeira vez que provei um Icewine, e foi uma experiência gratificante.
Duas perguntas:
ResponderExcluir1. Eles tem importador no Brasil? Tenho desejo de provar um ice wine, mas os que encontrei no Brasil são bem inacessíveis.
2. A riesling itálico é a mesma uva bem comum na Alemanha e aquela que alguns produtores brasileiros estão usando aqui? Já li textos falando de riesling itálico, riesling brasileiro. Fiquei sem entender. Posso mudar o nome da uva só por que se planta pouco na Itália? https://alemdovinho.wordpress.com/2014/11/01/riesling-2014-luiz-argenta-um-riesling-brasileiro/
Olá Carlos,
Excluira P&F Wineries tem 3 importadores no Brasil, mas não tenho certeza de qual deve trazer este Icewine. Sugiro entrar em contato com a importadoras:
- Winelands - http://www.winelands.com.br
- Doc4Import - contato@doc4import.com.br;
- GlobalWine - http://www.globalwine.com.br/.
Mas não espere que este icewine seja barato. Eles são sempre caros porque o rendimento é muito baixo.
Com relação à uva, existem duas variedades com nome parecido:
- uma é Riesling, típica da Alemanha. É uma das uvas mais nobres que existem, mais veneradas por quem a conhece;
- outra é Riesling Itálico, que não tem nenhuma relação com a primeira, só a infelicidade de um nome parecido. Ela é muito usada para espumantes no Brasil, e também é usada no leste europeu, principalmente para vinhos de sobremesa (como o icewine). Os vinhos brancos dela têm baixa reputação.
A uva plantada no Brasil é a Riesling Itálico. Não existe uma uva chamada 'Riesling brasileiro'. Também não se deve trocar o nome só porque ela é mais cultivada aqui do que na Itália. O colega blogueiro Peter, neste texto que você mencionou, quis fazer um apelo nacionalista, buscando valorizar a Riesling Itálico, porque ela tem uma baixa reputação, mas é muito utilizada no Brasil.
Espero ter esclarecido suas dúvidas.
Olá, obrigado!!!
ExcluirMas com a rieling itálico pode-se fazer vinhos bons?
Já ouvi falar dos ice wines canadenses e alemães, mas com preços começando em US$80,00. Então se conseguir um esloveno por volta de US$50 já fico feliz.
Carlos,
Excluira Riesling Itálico é uma uva com boa acidez, mas sem corpo, e fraca de aromas, porque é muito diluída, tem muita água. Isso a torna boa para corte em espumantes, ou para vinhos de colheita tardia e icewines. Pelo processo de produção dos dois, retira-se o excesso de água, e o vinho fica com boa concentração.
Mas, quando se fala de vinho branco, exceto pelo Peter e seu colega Marcus, normalmente fala-se que são vinhos ruins, ralos, chatos. No máximo, bebíveis. Da minha parte, nunca tomei aquele que o Peter comenta, mas os que já provei eram medíocres.