4 de abril de 2015

Bacalhau e Vinho Verde: a harmonização tradicional da Semana Santa

Sexta-feira Santa é dia de bacalhau. Durante os dias que antecederam a Semana Santa, todos os mercados e supermercados estiveram abarrotados de ofertas de bacalhau. E como não poderia deixar de ser, também tivemos bacalhau em casa. Não que a gente se limite a comê-lo apenas na Semana Santa; mas não é porque comemos o ano todo que vamos deixar de aproveitar as ofertas da Quaresma. É um peixe muito versátil, com mil-e-uma formas de se preparar.

A receita da vez foi bacalhau à Brás. Ela teria sido criada por um certo cozinheiro (ou taberneiro) de nome Brás, no Bairro Alto, em Lisboa, que resolveu misturar o bacalhau desfiado com ovos e batata palha [*]. Quando teria isso ocorrido? Não consegui encontrar essa informação.


Como sempre, Thais cuidou da elaboração do prato, e eu da harmonização. A receita preparada por ela foi ligeiramente adaptada para o nosso gosto - o que certamente causará a indignação dos patrícios - mas sinceramente, estava muito melhor do que todas as versões que eu provei em Portugal.

O primeiro passo foi dessalgar as tiras de bacalhau com antecedência, trocando a água diversas vezes. Depois de trocar a água algumas vezes, ela também ferveu o bacalhau, para acelerar o dessalgue, e facilitar o processo de desfiá-lo. Para desfiar, ela foi amassando grosseiramente com o garfo, que ele se despedaçava facilmente. Feita essa etapa inicial, a preparação em si foi muito rápida. Thais começou refogando bastante alho, e um pouquinho de pimenta dedo-de-moça, picados em bastante azeite. Em seguida, colocou tomates-cereja cortados ao meio e azeitonas pretas inteiras, para liberarem aromas. Depois, acrescentou o bacalhau, e pouco depois, os ovos mexidos. Quando os ovos estão completamente cozidos, jogou a batata-palha e a salsinha, misturou, e estava pronto.


Não há vinho melhor para o bacalhau à Brás do que o Vinho Verde, leve e refrescante. A campanha de Vinhos Verdes do Pão de Açúcar deixou a desejar este ano, trouxe pouca variedade, mas dentre o pouco de bom que havia, escolhi o Quinta da Lixa Loureiro 2014. A Quinta da Lixa, cuja sede se localiza na vila de Lixa, em plena região dos Vinhos Verdes, tem ótimos vinhos. Já tive a oportunidade de provar vários deles, inclusive quando visitei a sede, mas também em outras oportunidades, desde então. Este Loureiro é seco (4g/L de açúcar), com corpo leve e pouca agulha, a acidez típica dos Vinhos Verdes, e aroma floral e frutado, com flores brancas, lichia, pêra, e um leve toque de maracujá. Foi muito bem com o bacalhau.

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