13 de novembro de 2016

Brachetto d'Acqui DOCG

A minha curiosidade enológica sempre é atiçada por vinhos com estilos diferentes, fora do nosso habitual. Por isso, quando eu vi o Batasiolo Braquetto D'Acqui DOCG sendo vendido na Wine, eu fiquei com vontade de prová-lo. É um espumante tinto e doce, com 6,5% de teor alcoólico; ou seja, bem diferente de tudo o que estamos acostumados. Curioso, mas não a ponto de comprar uma garrafa de preço cheio. Porém, quando a Wine fez uma promoção oferecendo-o a R$42, arrisquei uma garrafa para prová-lo.


Braquetto D'Acqui

... é a região demarcada de onde provém este vinho. Se localiza no Piemonte, ao redor da comuna de Acqui Terme - pertinho de Asti; foi reconhecida como DOC em 1969, e elevada a DOCG em 1996. Seu passado é traçado até o Império Romano, e tanto Julio César quanto Marco Antônio teriam enviado barris de vinum acquense (vinho de Acqui) a Cleópatra, precedendo suas respectivas visitas ao Egito [*].

Os vinhos classificados na DOCG podem ser tranqüilos e secos, mas estes são raros; mais comuns são os espumantes doces. São normalmente feitos com curta maceração (2 dias), para extração da cor e dos taninos, e fermentam em cuba fechada, em estilo similar aos Asti Spumanti. E assim como os Asti, terminam com baixo teor alcoólico (tipicamente 6%) e alto teor de açúcar residual.

Desde que adquiriu status DOCG, os vinhos devem ser compostos de 100% Braquetto. Não existe consenso quanto à origem dessa variedade. Enquanto algumas correntes defendem que ela é originária das colinas de Monferrato (no Piemonte), outras a associam à Braquet, variedade rara, e predominante dos vinhos rosés da cidade de Nice, França.


Morango, não chocolate

Não sei porque eu tinha a impressão que se tratava de um espumante mais encorpado, com taninos presentes, e muito doce. Mas quando o abri em um jantar com amigos, vi que minha expectativa não correspondia à realidade. Tinha uma cor leve, quase rosé, corpo leve, e tanino beirando o imperceptível. Além disso, a intensidade de gás e a rusticidade das bolhas me lembraram mais um frisante do que um espumante. Seu aroma era gostoso, pura fruta vermelha fresca. Era certamente doce, como a classificação especifica; mas o nível de acidez estava adequado para contrabalançar a doçura.

Minha expectativa inicial era que ele acompanharia sobremesas a base de chocolate. Mas acho que ele não tem o que precisa para isso. Por sorte, a sobremesa não era chocolate puro: era um creme de pâtisserie, coberto com morangos e creme de chocolate; e foi a fruta que trouxe a bebida para próximo de si, pois o creme de chocolate praticamente anulava o espumante. O Braquetto teria se saído melhor, se fosse uma sobremesa só de frutas, sem chocolate envolvido. Lição aprendida para a próxima vez.

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