9 de julho de 2014

Sobre vinhos na Provence: Grassenc?


Um dos últimos passeios que fizemos foi a Saint-Paul de Vence, outra cidade medieval construida no alto de uma montanha (assim como Les-Baux-de-Provence). O centro medieval é todo murado, e acessível apenas para pedestres, com lojas, restaurantes e hotéis, claro, mas com mais cara de cidade - no sentido de 'lugar onde moram pessoas'. Muitas portas eram claramente das casas de pessoas, e flores enfeitavam muitas janelas.

Tão logo estacionamos o carro, o que encontramos? Uma feira de rua! A pequena feira tem lugar ali às quartas-feiras, na "praça do jogo de bocha", que fica em frente à entrada principal do centro antigo. A feira é pequena, mas há espaço para chás aromatizados, sopas e sucos, frutas, legumes, flores, queijos, geléias, artesanato, e vinho.


A jovem na barraca estava apresentando os vinhos de seu noivo, que produz aos pés dos muros da cidade, em uma propriedade arrendada de pouco mais de 1ha. Neste curto espaço, ele cultiva uma dezena de variedades diferentes de uvas, para produzir apenas três tipos de vinho: um tinto, um branco e um rosé. Como a região não está dentro de nenhuma apelação de origem, eles são rotulados com a Indicação Geográfica Alpes Maritimes.

O que mais me agradou foi o tinto: Le Petit Vigneau Rouge 2012, e acabei levando uma garrafa para casa, para apreciá-lo com mais calma. Vinho sem passagem em barrica, é leve, de cor rubi pouco intensa, e pouco tanino, com aromas frutados e de folhas secas. É um vinho fácil, mas com uma pitada de complexidade.

Ele é produzido a partir de 3 variedades diferentes: Mourvèdre, a rara Folle Noire dos vinhos de Nice (que fica 'logo ali'), e uma terceira variedade, ainda mais rara: a Grassenc. Esta variedade, originária da região dos Alpes Maritimes, hoje possui apenas 0,1ha plantado, sendo dois os produtores que a utilizam em seus vinhos. Mesmo assim, consta na lista oficial de variedades plantadas na França. É uma variedade fértil, porém suscetível à podridão cinza, e gera vinhos finos, com pouca coloração, e pouco álcool.


Ao abrir a garrafa em casa, o vinho apresentou um sabor químico, como de remédio. Precisou respirar um pouco para desaparecer aquele sabor químico desagradável, e se tornar o vinho leve e fácil de beber, que eu havia provado na feira.

Para se aprofundar

É raro encontrar quem tenha falado dos produtores da cidade. Vale a pena o texto do blog The Riviera Grapevine, que comenta sobre a "festa da vindima", na cidade.

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