30 de agosto de 2014

Cavino Naoussa Xinomavro 2011

Apesar da forte tradição vinícola da Grécia, pouquíssimos vinhos chegam ao Brasil, e por isso conhecemos muito pouco sobre eles. E a cada novo vinho, vamos descobrindo um pouco mais sobre suas uvas e regiões. A Winelands tem trazido ao Brasil regularmente vinhos gregos, principalmente os produzidos pela Cavino. Eles estiveram na Expovinis este ano, (escrevi sobre sua participação na feira, aqui).

A Grécia possui uvas autóctones muito interessantes, e algumas estão intrinsecamente ligadas à sua região de origem. Já escrevi sobre a uva Roditis (DOP Patras) e também sobre a Agiorgitiko (DOP Nemea), ambas da região do Peloponeso.

Xinomavro

A uva da vez é a Xinomavro. Seu nome significa literalmente "ácido e negro". Tinta, com grande acidez, e também muito tanino, ela é considerada a melhor uva tinta do país, principalmente para vinhos de guarda. Reina no norte do país, na região da Macedônia, em três Denominações de Origem Protegida:
  • DOP Amynteo: 100% Xinomavro (tintos, rosés, ou espumantes rosés, secos ou semi-secos).[*]
  • DOP Naoussa: 100% Xinomavro, exclusivamente tintos, secos ou semi-secos.[*]
  • DOP Goumenissa: Xinomavro em corte com Negoska, sempre tintos secos.

Denominações de Origem gregas citadas neste texto

Ela também é importante na DOP Rapsani, um pouco mais ao sul, em blend com outras duas variedades locais (escrevi a respeito de um vinho de Rapsani, muito interessante, por sinal; clique aqui para ler).

Naoussa Xinomavro

O vinho de hoje vem da região de Naoussa. Localizada no norte do país, aos pés do Monte Vermion (2050m), porém em altitudes moderadas, entre 150m e 350m sobre o nível do mar[*]. O clima é altamente influenciado pelas cadeias de montanhas localizadas a norte e a oeste, sofrendo mais influência continental do que mediterrânea, com invernos muito frios, e verões temperados, em que as uvas custam a amadurecer.

O Cavino Naoussa Xinomavro 2011 é 100% feito desta uva, de vinhas com média de 30 anos. Parte estagia em tanques de inox, e parte matura por 4 meses em tonéis. Possui 12,5% de álcool.


É um vinho de entrada de gama, produzido em uma região que não é o foco da vinícola (é o único vinho que produzem no norte do país). E como tem pouco tempo de envelhecimento em madeira, eu esperava um vinho mais simples e frutado. Porém, ele se mostrou mais austero do que eu esperava, com boa estrutura (não é muito encorpado, mas não é leve como eu achava que seria; é elegante), taninos bem presentes, e aroma marcado por notas defumadas, com frutas negras e vermelhas ao fundo. Um bom tempo de aeração se mostrou muito benéfico, deixando-o muito mais macio. Este vinho mostra bem o potencial que esta uva tem para o envelhecimento.

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