Nebbiolo branco

No final de ano, comprei um vinho inusitado: um branco, feito de Nebbiolo. Não que seja tão raro um vinho branco de uvas tintas, mas a nobre uva dos Barolos e Barbarescos, famosa pelos seus taninos intensos, não estava entre as variedades que eu pensaria ver vinificada em branco.

O vinho se chama Nino Negri Chiavennasca 2012, sendo que Chiavennasca é o nome com que a Nebbiolo é conhecida na província de Sondrio, no norte da Lombardia. Apesar de ser mais famosa pelas DOCGs do Piemonte, ela também é protagonista no norte da Lombardia, na DOC Valtellina e na DOCG Valtellina Superiore.

No entanto, a DOC e a DOCG incluem unicamente vinhos tintos, de forma que os brancos acabam classificados como IGT Terrazze Retiche di Sondrio. Esse nome remete aos vinhedos, plantados em terraços íngremes, construídos nas encostas dos Alpes, em altitudes que podem chegar a 750 metros. Devido à altitude somada à latitude, apenas encostas voltadas ao sul recebem sol suficiente para plena a maturação das uvas.

Eu achei esse vinho em uma loja/importadora em BH, chamada Casa do Vinho. Apesar de ser uma empresa já com 70 anos de idade, vim a conhecer há pouco tempo, e ainda não tinha comprado nada lá. Até que, nesse final de ano, me programei para passar por acaso na frente da loja. Fui atendido pela Luiza, sócia da empresa, ao lado do pai e do irmão. A assertividade com que comentava cada vinho me deixou animado; e a descrição que ela fez deste, me deixou curioso. E certamente, o vinho atendeu minha expectativa.

Sua cor dourada brilhante antevia um vinho ao mesmo tempo estruturado e de boa acidez. Ao girá-lo na taça, era tão viscoso que mais lembrava um colheita tardia. No entanto, era seco, e ainda tinha baixo teor alcoólico (12%). O aroma mesclava geléia (pela idade) somada a frutas não tão doces, como pêra e physalys, além de notas de avelãs e toques melados (toques de evolução). Na boca, foi possível comprovar a boa acidez somada a um corpo untuoso, complementados por uma leve salinidade, e um longo final.