5 de junho de 2016

Coyam 2009

Em 2012, um amigo viajou para o Chile, e eu encomendei uma garrafa do Coyam, o segundo melhor vinho da vinícola Emiliana. Na época, eu conhecia apenas as linhas mais básicas (Adobe e Novas), mas gosto bastante do trabalho deles, e tinha interesse em conhecer os rótulos superiores. Porém, no Brasil, além de difíceis de achar, tinham preços proibitivos. Meu amigo me trouxe o 2009, que creio que era a safra mais recente lançada na época.


Sendo um vinho de alta gama, decidi guardá-lo por alguns anos na minha adega. Porém, como não é uma dessas super adegas caríssimas, eu ainda fico meio receoso de guardar o vinho por muito tempo. Como eu já o tinha haviam 4 anos, estava com vontade de abri-lo logo. Aproveitei a ocasião de uma noite mais friazinha, em que uma amiga nos chamou para tomarmos um vinho com umas comidinhas. Como fiquei sabendo que ela gostava mesmo era de vinhos encorpados, tudo confabulava para que eu o escolhesse.

Chegando na casa dela, já coloquei o vinho no decanter, onde ficou por aproximadamente uma hora, enquanto bebericávamos um espumante. Era possível perceber de cara, que ele não sentiu nada dos 4 anos na adega. Tinha uma cor rubi violácea intensa, bem jovial. Mas certamente o aroma se beneficiou do período respirando no decanter. Ele exalava frutas sobremaduras, na forma de geléias e compotas; e a madeira também estava bem presente, mas de forma agradável, complexa, e sem se sobrepor à fruta. Eram notas de chocolate amargo, especiarias - como pimenta Síria - e defumado. Tinha uma alta acidez, sabor intenso e persistência aromática muito alta, ressaltando o chocolate e o defumado. Porém, na boca se sobressaiu o seu peso: taninos intensos (porém, macios), álcool saliente, e muito substrato deixavam o vinho bem encorpado. Enfim, é um vinho pesado, do tipo que aquece numa noite fria, mas que a garrafa custa a acabar.

No final, eu creio que poderia tê-lo guardado por pelo menos mais 5 anos, e creio que iria evoluir, perdendo um pouquinho do corpo - que se depositaria com o tempo na forma de borras - e tornando-se, então, menos pesado. Certamente, é um vinho para muitos anos de guarda.


Ficha técnica

Eu havia guardado a ficha técnica desta safra - algo que eu deveria fazer sempre, mas infelizmente, raramente me lembro de fazer. Para quem se interessa pelos detalhes técnicos, deixo aqui um resumo. Ele é um corte de várias uvas, cuja proporção muda ligeiramente ano a ano, devido às condições de cada safra. Em 2009, o corte foi 41% Syrah, 29% Carmenère, 20% Merlot, 7% Cabernet Sauvignon, 2% Mourvèdre, 1% Petit Verdot.

As uvas foram colhidas a mão, e depois de tripla seleção, foram colocadas para fermentar em tanques de inox, com pré-maceração (a frio) e pós-maceração, resultando e um período total de 28 dias em contato com as cascas. Ele fermentou unicamente com leveduras do próprio ambiente, um requisito para um vinho biodinâmico. Ele ainda estagiou em barricas por 13 meses (80% francesas e 20% americanas), onde a fermentação malolática ocorreu naturalmente. Estabilizou-se também naturalmente, e foi levemente filtrado apenas ao ser engarrafado, o que ocorreu em novembro de 2010.

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