29 de maio de 2016

Quinta da Raza Grande Escolha Alvarinho - Trajadura 2015


Monção e Melgaço perdeu a exclusividade sobre a Alvarinho, e este ano, chegaram ao mercado brasileiro os primeiros Vinhos Verdes com Alvarinho feitos fora dessa sub-região. Em Portugal, é assunto velho, mas no Brasil, creio que nem todo mundo acompanhou de perto.

O imbróglio

Os produtores da sub-região de Monção e Megalço tinham em mãos um tesouro, a Alvarinho, que compartilham com a vizinha Galícia, na Espanha. Uma das uvas de melhor reputação de Portugal, ela gera vinhos diferenciados. Os Vinhos Verdes Alvarinho se distinguem da maioria, pela estrutura e longevidade. São mais elogiados por especialistas, têm maior valor de mercado.

Até pouco tempo, os produtores da sub-região promoviam o Vinho Verde Alvarinho, isto é, trabalharam a imagem de seus vinhos baseados unicamente na uva. Isso deu certo enquanto tinham exclusividade sobre ela. Os vinhos de outras sub-regiões que tivessem Alvarinho perdiam o status de Vinho Verde, e viravam Vinhos Regionais. Mas a uva trazia valor ao produto, e por isso muitos produtores do Minho seguiram investindo na casta. Com o tempo, a qualidade de seus Alvarinhos foi melhorando, e foi crescendo a pressão desses produtores para acabar com o 'monopólio' de Monção e Melgaço.

Finalmente, eles conseguiram. A partir da safra de 2015, que chegou ao mercado no início de 2016, já é permitido que os vinhos possam incluir a Alvarinho em seus cortes. Porém, o Vinho Verde 100% Alvarinho segue privilégio de Monção e Melgaço até 2020, para que possam trabalhar a transição da imagem de seus vinhos.

Por exemplo

O Quinta da Raza Grande Escolha Alvarinho - Trajadura 2015 já é produzido pela Quinta da Raza - localizada na sub-região de Basto - desde pelo menos 2009. Porém, até 2014 era Vinho Regional do Minho, e a partir de 2015, passou a ostentar o selo Vinho Verde. Ele demonstra a qualidade que já se pode atingir com a Alvarinho por todo o Minho.

Mais do que apenas conter Alvarinho, é um Grande Escolha, que como já comentei outro dia, é um termo regulamentado: para usá-lo, é preciso que o vinho tenha características diferenciadas. Ele possui cor amarelo palha de baixa intensidade, aroma maduro, mesclando frutas de caroço, como nectarina, e de polpa branca, como a pêra. Possui leve agulha, mais leve que a maioria dos Vinhos Verdes, e em contrapartida, possui mais corpo. A acidez continua alta, porém é menos pungente que a maioria, sendo equivalente a cortes de Alvarinho/Trajadura da região original.

Este vinho foi mais um dos importados pelo Pão de Açúcar, nesta campanha de Semana Santa. Eu comprei por R$32,90, mas certamente ele vale mais.



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