12 de julho de 2015

Ktapodi Krasato, um prato típico grego

Harmonizado com um tinto do Nordeste brasileiro


O Ktapodi Krasato, ou polvo ao molho de vinho tinto, é um prato típico grego que conhecemos num restaurante muito interessante de São Paulo, o Acrópoles. Fomos lá duas vezes, e tudo que comemos, adoramos, mas o polvo ao vinho tinto encantou a Thais. Ela até quis fazer a receita em casa, em fevereiro deste ano, mas na ocasião, não havia polvo na feira, por isso, acabou saindo lulas ao vinho tinto, que ficou muito bom, também.

Aproveitando uma quantidade de restos de vinho tinto que se acumulava na geladeira, esta semana ela pensou de novo em fazer a receita, e por sorte, desta vez havia polvo. Então, ela finalmente conseguiu preparar o prato que ela queria (com algumas pequenas mudanças - toque de chef), e eu vou contar como foi que ela fez.


Ktapodi Krasato

Para o polvo não ficar duro, é preciso saber como prepará-lo. Primeiro, é preciso colocá-lo numa panela (pode ser já picado em pedaços), sem nada - nem água, nem óleo, nem temperos - e refogá-lo lentamente, até soltar sua água. Ele solta bastante água, e um pouco de tinta, e é preciso refogá-lo, mexendo de tempos em tempos, até secar toda a água. Quando o polvo secar completamente, você poderia retirá-lo, e começar a refogar o alho na mesma panela, aproveitando o restinho de 'suco' do polvo que ficou, para aproveitar o sabor; mas Thais preferiu reservar esse 'suco' para fazer o roux, ao final, por isso, refogou o alho em uma outra panela.

Sendo assim, na outra panela, colocou um fio de azeite, bastante alho picado, sementes de coentro trituradas no pilão, canela, noz-moscada, o polvo, e o deixou um pouquinho, para ele pegar o gosto do alho. À parte, cozinhou cenouras e batatinhas no vapor. No polvo, adicionou o vinho tinto (mais ou menos meio litro, num prato para dois), o bouquet garni, e deixou cozinhando. É necessário cozinhar por bastante tempo para que os sabores entranhem no polvo, e por isso pode ser necessário completar com um pouco de água.

Quando o polvo já estava ficando bem macio, ela colocou as batatas e cenouras previamente cozidas, e foi fazer o roux, que consiste em uma técnica para engrossar o caldo. Normalmente, se usa manteiga, mas ela fez com azeite, mesmo. Naquela panela que ela tinha usado para refogar o polvo no início do processo, ela colocou azeite, um pouquinho de farinha de trigo e um pouquinho do caldo com vinho do cozido. Mexeu bem, para dissolver o trigo, e adicionou essa mistura de volta na panela do cozido, misturando bem, para engrossar o molho.


O vinho

Quando a Thais fez a lula ao vinho tinto, eu havia tentado harmonizar o prato com um vinho tinto - afinal, o prato era feito de vinho tinto! - mas não havia ficado completamente contente com o resultado. Mesmo assim, resolvi tentar um vinho tinto novamente.

Escolhi o Rio Sol Alicante Bouschet Winemaker's Selection 2009. Eu tive a oportunidade de provar este vinho, assim como vários outros da marca Rio Sol, na Expovinis deste ano. Eu gostei especialmente dos espumantes, e deste tinto, feito 100% de Alicante Bouschet. E pouco depois eu o encontrei no site da Sonoma, por R$18,00. É uma barganha pela qualidade que apresenta. É um vinho que rende assunto, por isso comentei separadamente a seu respeito. Veja o texto: Rio Sol Alicante Bouschet Winemaker's Selection 2009.

O vinho ficou muito bom com o prato. Apesar da cor muito intensa e do corpo volumoso, seus taninos estavam muito sedodos, e após uma boa aeração, a acidez se mostrou muito boa - não que o prato exigisse acidez do vinho, mas um vinho com boa acidez é sempre mais gastronômico. Além disso, ele tem sabor intenso, à altura da intensidade do molho. E principalmente, não encontrei nenhum vestígio daquele desagradável sabor metálico, que costuma tomar conta quando tomamos vinhos tintos com frutos do mar. Resultado, vinho com ótimo custo e excelente qualidade, e uma harmonização perfeita!

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