9 de julho de 2015

Primo Pinotage 2009

Pinotage não é das minhas uvas favoritas. Tanto que é a primeira vez que escrevo a respeito de um vinho feito com ela. E escrevo agora porque este vinho merece, é excelente. E isso me faz pensar que talvez o problema não seja a variedade de uva, mas sim os exemplares dela que normalmente são trazidos ao Brasil. Para mim, costumam ser desequilibrados, sem corpo, com pouca expressão, e com aromas desagradáveis.

Para quem não sabe, a Pinotage é uma variedade vitis vinifera autenticamente sulafricana. Ela foi desenvolvida em laboratório, em 1925, por um professor da Universidade de Stellenbosch, chamado Abraham Izak Perold. É um cruzamento entre a nobre Pinot Noir, com a menos conhecida Cinsault, que era mais conhecida na África do Sul como Hermitage. Daí, o nome: pinot + age. O objetivo deste cruzamento era obter uma variedade que tivesse a elegância e qualidade da primeira, com a resistência ao calor da segunda, já que o clima da África do Sul é bem diferente daquele onde normalmente reina a Pinot Noir.


Fairview é originalmente uma propriedade de 1693, que possuía cultivo de vinhas e criação de cabras, incluindo produção de leite e derivados, na de Paarl, África do Sul. Apenas a partir de 1974, a propriedade passou a engarrafar e distribuir os vinhos com marca própria. Ao mesmo tempo, abandonou o conceito de propriedade agrícola, e hoje é uma empresa com diversas propriedades, como diz o proprietário atual, Charles Back, buscando o terroir onde ele está.

O Primo Pinotage 2009 é seu Pinotage topo de gama. Feito de uvas colhidas a mão, das melhores parcelas, após a fermentação alcoólica, ele realizou malolática em barris, e depois estagiou mais 12 meses, uma parte em barris de carvalho francês, e outra parte, em carvalho americano, sendo que 40% era de barris novos. A sua cor rubi de média intensidade já começa a mostrar nuances atijoladas. O nariz é exuberante, trazendo uma nuance jovial de violetas, ao lado de aromas mais evoluídos, com frutas negras, caramelo, bálsamo e especiarias doces. Seu corpo elegante é composto de uma excelente acidez, taninos intensos, mas muito finos, e com seu 14% de teor alcoólico completamente equilibrado (e olha que eu tenho rejeição alta a vinhos alcoólicos, não gosto de vinho bombado). Ele termina com boa persistência, dominada pelas notas balsâmicas. Muito bom.

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