20 de dezembro de 2014

Uma passadinha na João Mendes

Sempre que vou a Belo Horizonte de carro, eu dou uma passada na Cachaçaria João Mendes. Ela fica na Rodovia Fernão Dias, na altura do município de Perdões, Km 666, em direção a BH. Fui apresentado à marca por um amigo, exaltando como ela é macia e saborosa. Gostei muito da cachaça, e por uma feliz coincidência, eu a encontrei em meu caminho. Desde então, já parei lá 3 vezes. Neste intervalo de tempo, eles reformaram a loja para receber visitantes, e substituíram o engenho, mas a produção continua artesanal.


Do engenho à garrafa

No local, é possível degustar os produtos antes de comprar. Mas quem está na direção, não pode provar, pode só sentir o cheiro. Além disso, é possível visitar todas as etapas da produção. Este ano, eles instalaram um engenho 'novo'. Quer dizer, compraram o equipamento usado, e o adaptaram para suas necessidades. A cana já chega ao engenho triturada, para ser prensada de forma mais eficiente, e extrair o máximo de garapa. O bagaço é prensado duas vezes, para extrair o máximo de mosto.

Normalmente, a produção é interrompida na temporada de chuvas, pois o excesso de chuva pode deixar a cana aguada, o que afetaria a qualidade do produto final. Mas este ano ainda não choveu muito, por isso o engenho estava funcionando a pleno vapor, mesmo sendo dezembro.


Após passar por um processo de filtragem, a garapa é levada para a sala de fermentação. Orgulhosos de produzir uma cachaça artesanal, eles realizam a fermentação sem uso de leveduras industriais. Em vez disso, produzem uma 'isca' (ou pé-de-cuba) preparada a partir de fubá com garapa, que após produzida, pode ser reutilizada para fermentar tanques com mosto por diversas vezes.

Após a fermentação, o produto é destilado em alambiques de cobre, cuja caldeira, normalmente, é alimentada pela combustão do bagaço da cana. Mas este ano, devido à seca, o bagaço foi cedido aos produtores locais para alimentar o gado. E os produtores, em troca, forneceram lenha para a caldeira. Assim como normalmnete ocorre na destilação em alambique, o primeiro líquido a escorrer (chamado de cabeça), e o final da destilação (a cauda) são descartados.


Depois da destilação, vem o envelhecimento em barris. E é nesta etapa que se diferenciam os diversos produtos da cachaçaria.

Tipos de cachaça

A cachaça João Mendes Tradicional fica armazenada por ao menos 2 anos em barris de carvalho, que anteriormente tinham sido usados para maturação de whisky. Só que os aromas do whisky não são repassados ao produto final, pois antes o barril é colocado para curtir (é preenchido com cachaça que em seguida é descartada). Assim, os aromas de whisky não são passados ao produto, mas ele ainda assim adquire sabores e cor da madeira.

A João Mendes Prata é a versão de cachaça branca da casa, que não envelhece em barris. Minha preferência é pelas armazenadas em madeira, mas essa também é macia e suave (guardadas as devidas proporções).

A cachaça João Mendes Ouro é a de envelhecimento mais longo, com 8 anos em barris de carvalho. É também a que tem o rótulo mais elegante. Muito macia, com sabor mais comedido, e leve aroma adocicado, lembrando rapadura.


Por fim, eles também possuem uma pequena produção que envelhece em barris de umburana, por cinco anos. A Reserva Especial Umburana é excelente, muito macia, mais aromática, e com aroma mais adocicado. Tanto eu quanto meu pai concordamos que ela era até melhor que a Ouro.


Para conhecer um pouco mais sobre a empresa e a cachaça, recomendo a leitura da reportagem da Revista Ipê: Uma João Mendes, por favor!


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