17 de setembro de 2014

Paternina Conde de Los Andes Gran Reserva 2004

Eu não cheguei a me empolgar muito com esses sites de vinho que vendem como se fosse "compra coletiva". Sabe, daqueles que só vendem vinhos com ofertas de prazo determinado. Às vezes aparece algum vinho diferente, que fico com vontade de provar, mas o custo do frete anula a proposta. Até que, um dia, apareceu uma oferta que parecia mesmo imperdível: Paternina Conde de Los Andes Gran Reserva 2004.


Em primeiro lugar, é de Rioja, uma das duas regiões mais prestigiadas da Espanha (se não, a mais). Em segundo, é um Gran Reserva, o que na Espanha - e mais ainda na Rioja - é uma classificação séria. Por lei, o vinho teve que passar 60 meses na adega, com no mínimo 24 meses em madeira (este passou 30), antes de ser vendido. E sendo de Rioja, é de se esperar que seja um vinho que tem estrutura para passar todo este tempo, e não um vinho qualquer colocado para virar 'suco de carvalho'. Em terceiro lugar, é da safra de 2004, com 10 anos e em boas condições; isso não é para qualquer vinho - principalmente pelo preço que estava sendo vendido. E aí vem a melhor parte: estava anunciado por apenas R$42,90! O frete deixou-o um pouco mais caro, a R$53 por garrafa (para duas garrafas), mas não é todo dia que encontramos um vinho com estes predicados a este preço.

Obviamente, antes de comprar, eu fiz a básica pesquisa na Internet a respeito dele. Encontrei, para minha felicidade, uma boa quantidade de blogs que já haviam feito comentários - sempre elogiosos - ao vinho, inclusive, da mesma safra que estava à venda. E o preço realmente era vantajoso.


Comprei, e em poucos dias, a caixa estava à minha porta. A garrafa é estilosa, com uma tela de arame dourado a envolvendo. Só fiquei um pouco preocupado com o estado do rótulo, meio puído, danificado. Me deixou um pouco ressabiado quanto à qualidade do armazenamento que ele teve antes de chegar a mim.

Para minha alegria, os danos se limitaram ao rótulo. A rolha estava em perfeito estado, e o vinho, também. Coloquei-o no decanter, e vi o líquido escoar com cor granada, completamente límpida, sem nenhuma impureza. Após respirar por 10 minutos, começou a mostrar os aromas: ameixa seca, figo seco, jabuticaba, pimenta, leve couro no início, depois balsâmico, e longa persistência aromática, com notas de café. Corpo médio, taninos leves e macios, acidez em alta. Enfim, um vinhaço, fantástico! Pelo que eu provei nesta primeira garrafa, eu creio que chegou ao seu ápice. Pode até durar mais uns dois anos, mas não vai ganhar nada com isso.


O vinho foi produzido pela Vinícola Federico Paternina, fundada em 1896. É um corte de Tempranillo e Mazuelo (a mesma Carignan da França), duas variedades do corte típico de Rioja. Como eu disse, passou 60 meses (5 anos) na vinícola, antes de ser liberado no mercado, sendo que metade deste tempo, passou em barricas. No entanto, ele não tem um gosto carregado de madeira, apenas uma nuance tostada. Isso demonstra bem o que já falei outras vezes: vinho bom passa um tempo em carvalho para amadurecer. Vinho ruim passa em barrica para ficar com gosto de madeira.

Ele não está mais disponível no site em que comprei, mas ele é importado no Brasil pela Orion Vinhos.

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