2 de novembro de 2015

Capril do Bosque e Bistrô, pra se esbaldar de queijo de cabra

O bistrô

Um fim de semana passado, eu e Thais fizemos um programa diferente. Fomos até Joanópolis, quase na divisa com Minas Gerais. O objetivo era conhecer o Capril do Bosque, e almoçar no bistrô local. Fiquei sabendo a respeito do lugar pelo Instagram da @liscereja (autora do blog Comer, Beber e Viajar) e fiquei babando nas fotos dos queijos e pratos.

O Capril do Bosque é uma queijaria artesanal que produz diversos tipos de queijos finos exclusivamente a partir de leite de cabra. Está instalada no sítio da proprietária Heloisa Collins, ex-professora universitária, que começou a produzir queijos como hobby, e acabou transformando o hobby em profissão (a história, de como ela se envolveu com a produção de queijo, está no site dela, que recomendo visitarem: Capril do Bosque). Ainda na propriedade, há uma criação de cabras (o capril) que fornece a matéria-prima para o queijo, uma horta para abastecer o bistrô, alguns cultivos que fornecem o alimento para as cabras, e o bistrô, comandado pela filha de Heloisa, a chef Ju Raposo. Todos os pratos do bistrô levam algum dos queijos que produzem.

Degustação do chef

Nós no bistrô

Para conhecer a grande diversidade de queijos, nada melhor do que pedir a Degustação do Chef, um menu de degustação com pequenas porções de vários dos queijos produzidos. São oito tipos de queijo, do mais leve, ao estilo boursin, até um de mofo azul, todos feitos exclusivamente com leite de cabra. Além dos queijos, a tábua vem com geléia, chutney de cenouras feito pela chef, um espetinho de abacaxi, e uma cesta de pães, incluíndo um pão caseiro quentinho. Supérfluo dizer que esta foi a nossa pedida inicial.

E certamente, eu queria provar um vinho junto dos queijos. Como estávamos apenas eu e Thais, não valia a pena cogitar mais do que uma garrafa. E pensando no tipo de vinho que iria bem com a maioria possível de queijos, eu pensei em um vinho doce. No dia, o que eles tinham para oferecer era o Quara Torrontés Cosecha Tardía 2010, servido em meia-garrafa (350 mL). É um vinho argentino, de colheita tardia, feito com a uva Torrontés. Esta variedade, autenticamente argentina, é descendente da Moscatel, e portanto, é bem aromática, e muito apropriada para vinhos doces.

O vinho tinha cor amarela brilhante, com reflexos dourados, aroma floral e cítrico, típicos de um Moscatel, além de frutas de caroço e um toque de mel. Na boca, tinha uma textura levemente untuosa, e uma boa acidez que oferecia contraposição adequada ao açúcar. Se houvesse outras opções, eu talvez não o tivesse escolhido, mas ele atendeu bem à proposta. Ele foi bem com a maioria dos queijos, e faltou intensidade apenas para acompanhar os três queijos mais fortes.

Berinjelas à parmegiana

A tábua era farta, e quase bastaria para uma refeição. No entanto, mais pela gula do que por necessidade, ainda pedimos dois pratos da sugestão do dia: pra Thais, mini-berinjelas à parmegiana, recheada com dois queijos (serra do lopo e caprino); para mim, raviólis de massa verde (produzida no restaurante, com espinafre), recheados com queijinho do lobisomem, servidos com molho de tomate, e queijo caprino ralado por cima. Eu gosto muito de berinjela à parmegiana, mas gostei mais da massa. O molho de tomate estava delicioso, muito bem temperado, e ainda casava muito bem com os queijos. Recomendo fortemente.

Ravióli verde recheado de boursin, com molho de tomate

Os queijos

A tábua de degustação vinha com 8 tipos diferentes de queijo, listados abaixo, em ordem de intensidade:
  • Queijinho do Lobisomem: queijo de bolinha, fresco e com pouca maturação, ao estilo boursin. Um gostoso queijo, em que o sabor do leite de cabra se mostra presente, mas sem exagero. É cremoso, bom pra espalhar no pão.
  • Lua do bosque: inspirado no Camembert, tem a casquinha branca, firme e bem fininha. O interior é cremoso, e suave.
  • Rolinho do bosque: inspirado no queijo Saint Maure, da região do Loire, na França. Leva uma casca de mofos brancos, e por dentro é macio e granulado. Tem sabor bem suave, e textura muito gostosa. Para mim, tinha um toque mais salgadinho que o distinguia dos outros.
  • Pirâmide do bosque: ao estilo Valençay, é feito com mofos brancos, que crescem sobre uma camada de carvão vegetal. Por isso, também se referem a ele de Pirâmide Cendrè. É maturado por mais tempo que os queijos anteriores, por isso, em teoria, seria mais intenso, mas eu não percebi isso. Tem sabor fresco e agradável.
  • Serra do Lopo: o nome presta homenagem a uma serra da cidade de Joanópolis. Matura por 40 dias, e a cada 2 dias é banhado na cerveja (pilsen, comum). A massa pode ser ligeiramente firme, ou mais cremosa, sendo possível espalhar sobre o pão. O sabor não me pareceu forte, e não senti o sabor característico de cerveja. Mas é gostoso.
  • Caprino do embaixador: é o queijo de maior maturação, 400 dias, inspirado no Pecorino. Tem cor amarelada semelhante aos parmesão e pecorino, de consistência firme e homogênea, sem aquela 'areinha' do pecorino. Eu achei um pouco forte para consumi-lo puro, mas ralado sobre a massa com molho de tomates, ficou fantástico.
  • Azul do bosque: queijo de mofo azul, inspirado no Stilton inglês. É bem seco, muito maturado, de sabor intenso e picante. Eu adorei.
  • Coração em brasa: recheado com pimenta, e envolto em mofo branco com carvão vegetal. A pimenta foi forte demais para mim, não consegui comer.


Enfim, pra quem gosta de queijo de cabra, é um excelente passeio-de-um-dia, a partir de São Paulo, Campinas, e arredores. Bistrô recomendadíssimo, e quem tem crianças, será uma interessante pedida para elas conhecerem as cabrinhas, que são super dóceis, e até esticam a cabeça para receberem carinho. Se chegar no horário certo, pode ser até mesmo possível ver a ordenha.

2 comentários:

  1. Agradeço a linda e saborosa reportagem. Foi um prazer tê-las conosco!

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  2. Carlos Eduardo Suaide Silva05 novembro, 2015

    Assino em baixo...

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