13 de novembro de 2014

Oumsiyat Jaspe 2010, um vinho do Líbano

Depois de um ano com seleções com muito pouca criatividade, a Sociedade da Mesa melhorou bastante neste final de ano. Após o excelente Roccamora Negroamaro 2011, no mês passado, agora em novembro trouxe para o Brasil um vinho do Líbano: Oumsiyat Jaspe 2010.

O vinho no Líbano

A região que hoje compreende o Líbano foi uma das primeiras áreas vinícolas do mundo, havendo evidências da produção pelos fenícios (desde pelo menos 3000 AC). A dominação otomana determinou o declínio da cultura vinícola, já que não permitia o consumo de bebidas alcoólicas.

O renascimento da cultura do vinho no país aconteceu a partir da segunda metade do século XIX, com a atuação de jesuítas, sendo posteriormente reforçado pelo domínio francês na área, no período entre-guerras. As principais variedades cultivadas são as francesas, tanto as 'internacionais' Cabernet Sauvignon e Merlot, quanto as variedades do Rhône e Provence (Syrah, Cinsault, Carignan, Grenache, etc.). Os 15 anos de guerra civil no país entre 1975 e 1990 impediram o avanço da indústria, mas hoje, com relativa paz, a produção de vinho volta a florescer. Atualmente, o país possui um total de 2000ha plantados, divididos entre 40 produtores[*].

O vinho

Ele é produzido pelo Château Oumsiyat, no Vale do Bekaa, a 30 Km a leste de Beirute. O Bekaa é um vale altiplano com altitude média de 1000 metros, cercada de cordilheiras. Possui sua própria bacia aqüífera, proveniente do degelo dos maciços montanhosos que o cercam. Por isso, é uma das regiões mais férteis do país, com 300 dias de sol por ano, chuvas restritas ao inverno, e a influência da altitude que garante um clima mais ameno, com noites frescas[*]. É a principal região vinícola do país.

O vinho é composto de 30% Cabernet Sauvignon, 30% Syrah, 30% Cinsault e 10% Carignan. As variedades são fermentadas separadamente. Em seguida é realizado o corte, e depois o vinho passa por curto estágio em barricas, para posterior filtração e engarrafamento. Depois de engarrafado, ele amadurece por um ano e meio antes de ser colocado no mercado.

Na taça, apresenta uma cor rubi de média intensidade. Os aromas de frutas vermelhas doces se destacam, acompanhados por especiarias e um leve herbáceo. Tem corpo médio, boa acidez, e taninos muito finos, mas bem presentes. Enfim, é um vinho fresco, equilibrado, fácil de beber, e com uma pitada de complexidade. Não chega a ser um vinho tão saboroso quanto o Roccamora, mas definitivamente vale por ser de um lugar diferente. É isso que eu espero de um clube de vinho: que saia do óbvio, que traga vinhos diferentes, de uvas diferentes, de lugares diferentes...

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