7 de outubro de 2014

Vinhos laranjas: os vinhos de Josko Gravner

Estes vinhos foram degustados no evento Vinhos Laranjas da ABS Campinas SBSomm (clique aqui para conhecer mais sobre o que são os vinhos laranjas).


Conforme falei no outro texto, Josko Gravner foi o responsável por trazer à moda novamente este estilo de produção dos vinhos brancos. Cansado da uniformidade que existia no mercado de vinhos, chegou à conclusão de que as tecnologias não tinham objetivo de levar a uma melhor qualidade[*]. E por isso, resolveu voltar à origem da produção de vinhos. Viajou à Geórgia, estudou o processo de produção tradicional que ainda existia no país, e decidiu que era aquilo que queria fazer. Importou um qvevri do país, e começou a testar a maceração em ânforas [*]. Gostou tanto do resultado, que descartou os tanques de inox com temperatura controlada, e desde 2001 passou a utilizar a fermentação em qvevris para todos os seus vinhos.

Ele buscava um produto que fosse o mais natural possível para que expressasse o terroir, sem mascarar ou arredondar o vinho. Por isso, se abdicou de utilizar qualquer outro aditivo permitido nos vinhos (são permitidos mais de 300, segundo ele), menos um: o sulfito. Nos anos 90, ele tentou excluir também o sulfito, mas após muitos e muitos testes, chegou à conclusão de que é impossível [*]. Mesmo assim, se esforça para utilizar o mínimo indispensável.

Também adota a mesma filosofia no cultivo, sendo seguidor da agricultura biodinâmica, e se abstendo do uso de qualquer substância sintética. Além disso, construiram pequenos lagos, e plantaram árvores no meio dos vinhedos, para eliminar a monocultura, e criar um ecossistema saudável, e equilibrado, que garante a saúde das vinhas e das uvas.

Josko Gravner em meio aos qvevris

Seus vinhos fermentam nessas ânforas de barro que trouxe da Geórgia. Os brancos ficam macerando com as cascas por 7 meses, quando são então transferidos para tonéis de madeira (botti) onde permanecem por mais 3 anos, antes de serem engarrafados. A principal diferença entre os dois está na composição das uvas:
  • Gravner Breg Anfora 2006 IGT: um corte de Sauvignon Blanc, Pinot Grigio, Chardonnay e Riesling Itálico, com 14,5% de álcool.
  • Gravner Ribolla Anfora 2005 IGT: varietal 100% Ribolla Gialla, com 13% de teor alcoólico.
Os dois vinhos são muito parecidos, com coloração âmbar intensa, secos, média acidez, taninos destacados, muita mineralidade e sabor. Os aromas também são bem parecidos, tendo em comum notas defumadas e de frutas secas, além de um toque herbáceo, que no Ribolla parece mais fresco, como sálvia, e no Breg parece mais cânfora. Além disso, o Ribolla se mostrou mais equilibrado com relação ao álcool.

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