12 de fevereiro de 2018

Via Diagonalis Selected Red 2009

Ruinas do castelo Castra Rubra
(foto obtida do site da ONG Alliance for regional and civil initiatives, sediada na Bulgária)

Quando vejo o nome de Michel Rolland por trás de um vinho, eu costumo torcer o nariz. Apesar de ser o enólogo mais influente do mundo, tem fama de produzir sempre vinhos pesados, sobremaduros, e sem originalidade. Eu mesmo já provei alguns vinhos de sua autoria (confesso que poucos), e não me convenceram. Mas o Fernando Zamboni, da Winelands, sabia que o Via Diagonalis Selected Red 2009 tinha a minha 'cara', e insistiu que eu o provasse, enviando-me uma garrafa. Ainda bem, pois ele me fez rever meu preconceito.

A vinícola que o produz se chama Castra Rubra, e se localiza no Vale da Trácia, no sul da Bulgária. Ela foi criada em 2006, de uma sociedade entre a vinícola Telish (localizada no norte do país) e Michel Rolland. Seu nome presta homenagem a um castelo de origem romana, localizado na vila onde se localiza a vinícola (Izvorovo), e que foi descoberto por arqueologistas em 2007 [*]. Já o nome do vinho, Via Diagonalis, é uma referência à rota que ligava Roma a Constantinopla, durante o Império Romano, e que passava por ali.

O Via Diagonalis Selected Red 2009 é um corte, majoritariamente Merlot (55%) e Cabernet Sauvignon (35%), com pequenas adições de duas variedades tipicamente búlgaras: Rubin e Mavrud. A primeira, eu não conhecia; a segunda, já (veja aqui). De acordo com a ficha técnica, o vinho passou 8 dias em maceração pré-fermentativa a frio, e fermentou com leveduras naturais, em tanques de inox. Em seguida, ele estagiou por 16 meses em barricas novas de carvalho francês. É curioso notar que a vinícola, em sua curta história, não costuma fazer o mesmo vinho em muitas safras seguidas. A última versão do Via Diagonalis foi essa de 2009. O motivo de não terem feito novas edições? Nem idéia.

Este vinho já com 8 anos, está no ápice. No visual, tinha cor predominantemente rubi de intensidade média/alta, mas já começava a mostrar os efeitos da idade, com reflexos granada, e halo aquoso. A propósito, tinha um pouquinho de depósito no final da garrafa. O aroma era de frutas negras bem maduras, notas tostadas bem integradas, especiarias, e bálsamo. Tinha perfil elegante, talvez devido à idade, com corpo médio, boa acidez, taninos macios, de intensidade média, álcool (14,5%) bem integrado, e boa persistência aromática. E o melhor, custa só R$90. Mais um vinho búlgaro de ótima relação qualidade/preço.

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