28 de novembro de 2017

Miras Joven Pinot Salvaje 2016

Vinhos interessantes, criativos, fora do lugar-comum, sempre atraem minha atenção; e mais ainda quando encontro muitos comentários positivos a seu respeito. Por isso, quando o Miras Joven Pinot Salvaje 2016 saiu na Vinumday, tive que comprar pra provar.


O vinho é produzido por Marcelo Miras, um dos principais enólogos da Patagônia Argentina. Trabalhou por muitos anos na Humberto Canale e outros tantos na Bodega del Fin del Mundo, quando em 2005, começou um projeto pessoal paralelo. Com a liberdade de fazer vinhos como quer, chamou a atenção com vinhos originais, fora da curva. Hoje, conhecido como mago da Patagônia, se dedica em tempo integral à Bodega Miras.

Em 2015, produziu um minúsculo lote (800 garrafas) de um vinho muito original, a que chamou Pinot Salvaje. O vinho foi um sucesso estrondoso, e em 2016, ele aumentou a produção. Trata-se de um 'branco' composto de 70% Pinot Noir vinificado em 'branco', com 30% de Sauvignon Blanc, vinificados juntos - ou como com está na moda dizer, co-fermentados. Eu coloco branco entre parênteses, pois ele é assim classificado, creio eu por falta de melhor definição. Sua cor rosada - pele de pêssego, para ser mais preciso - não é exatamente a cor de um vinho branco.

Já no nariz e na boca, ele não parece tanto um rosé, nem muito um branco. Complexo e intenso, tem um perfil aromático bastante exótico: traz o cítrico de toranja, junto a frutas de caroço, mamão, pitanga, folha de louro, um toque resinoso e uma lembrança de massa de pão crua, lembrando um pouco Jerez Fino. Na boca, apesar do baixo teor alcoólico (somente 10%), tem bom volume, acidez intensa, e um pouco de amargor. Devo dizer que o amargor me incomodou um pouco, apesar da intensa acidez e da complexidade aromática.

Como eu não conhecia o vinho, eu o abri para acompanhar umas comidinhas exóticas que a Thais preparou: patacones (bolachas de banana-da-terra frita) e guacamole, para serem comidos junto ao molho aïoli e camarões grelhados com amendoim triturado e coentro. Mas infelizmente, não deu liga, pois a comida ressaltava o amargor do vinho. No dia seguinte, o cardápio foi outro: salmão assado com molho pesto; e eu testei o vinho novamente. Acho que foi muito mais adequado: o prato atenuava o amargor, e a acidez do vinho limpava a gordura do salmão e do pesto.


No geral, gostei do vinho. O amargor atrapalhou um pouco, mas não foi um fator decisivo. Por sua complexidade, acidez e intensidade, creio que ele merece uma segunda chance; e até uma terceira.

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