16 de setembro de 2016

Kerner Abazzia di Novacella 2012

No mês de agosto, recebi um cupom de desconto da Evino, e resolvi comprar algumas garrafas. Dentre os vinhos disponíveis no dia, um dos que me chamou a atenção foi o Kerner Abbazia di Novacella 2012, um vinho feito de uma uva alemã - a Kerner - na Itália, nos Alpes Italianos. Com o desconto do cupom, cada garrafa saiu por R$63, que me pareceu um preço razoável para se arriscar, e que no final se mostrou um belo preço para um ótimo vinho.


Alto-Adige

A Abbazia di Novacella foi fundada por volta do ano de 1140, e ainda hoje é um monastério, pertencente à Ordem de Santo Agostinho. Ela se localiza no Alto Adige, uma região dos Alpes Italianos, que até 1919 fez parte do Império Austro-húngaro. Até hoje, dois terços da população tem o alemão como língua principal, e em sua língua, se referem à região como Südtirol (ou Tirol do Sul, sendo que Tirol corresponde à região da Áustria imediatamente ao norte). E o monastério, por sua vez, é também conhecido por Kloster Neustift.

A região de Alto Adige está encravada nos Alpes, e os vinhedos se localizam em sua maior parte ao redor do rio Adige, que corre de norte a sul. No nordeste da região, corre o rio Isarco, um afluente do Adige, que forma a sub-região de Valle Isarco, onde se localiza a Abbazia di Novacella, com seus vinhedos em altitudes de 600m a 900m sobre o nível do mar. (O vinho exibe a DOC Alto Adige - Valle Isarco).

Abazzia di Novacella. Créditos: Martin Hapl

Kerner

O Valle Isarco é especializado em vinhos brancos. Por causa da influência austríaca - e também pelo clima, que necessita de variedades adaptadas ao frio - as variedades cultivadas são na maioria de origem austríaca ou alemã: Silvaner, Grüner-Veltliner, Müller-Thurgau, Gewürztraminer... e Kerner, que vem a ser a uva deste vinho.

Kerner é resultado de um cruzamento feito em 1929, na Alemanha, entre Riesling e uma variedade tinta chamada Schiava Grossa. Ela foi nomeada em homenagem a um poeta do Século XIX, Justinus Kerner, que com recorrência tinha as bebidas alcoólicas como tema de seus versos. A variedade chegou ao Alto Adige na década de 1970, mas hoje possui apenas 90 hectares plantados, e a maioria, no Valle Isarco [*]. Algumas fontes relatam sua boa acidez, e outras, seu potencial aromático. Em comum a todos os relatos, está a capacidade de resistir a geadas e obter boa maturação em verões curtos, e noites frias.

Kerner com bacalhau

Eu havia comprado duas garrafas, e as abri em diferentes ocasiões, para acompanhar duas diferentes preparações de bacalhau. Na primeira vez, levei uma garrafa ao restaurante Quinta do Marquês, para acompanhar um bacalhau ao forno. E dias depois, levei à casa de amigos, para acompanhar uma entradinha de bacalhau. Em ambas ocasiões, o vinho mostrou as mesmas características: cor amarelo de baixa intensidade, com reflexos verdeais; aroma complexo e intenso, que mesclava notas de pêra, casca de limão, flores, petrolato, um toque melado, e um interessante defumado, como sal defumado; uma boa acidez escoltava um bom meio de boca, e sabor prolongado que confirmavam o nariz. E melhor de tudo, foi uma ótima pedida com as duas preparações de bacalhau.


O vinho me lembrou um Riesling - uma característica esperada, conforme alguns relatos - exceto por esse toque defumado que o vinho mostrou - e essa não é uma característica normalmente descrita para essa uva, ou esse vinho. Mesmo assim, me agradou muito, e considero uma ótima relação qualidade-preço. Ao final, o pensamento que me veio ao provar esse vinho é um que tenho recorrente, quando encontro um belo vinho em promoção: que pena que comprei só duas garrafas!

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