1 de maio de 2015

Conhece a uva Durif?

Talvez você já tenha tomado um vinho com esta uva, mas não saiba. Ela não é assim tão rara. Caso tenha costume de beber vinhos dos Estados Unidos, deve conhecê-la por outro nome.

Durif é uma variedade de origem francesa, um cruzamento natural (resultado de polinização cruzada) de Peloursin e Syrah. Ela deve seu nome ao seu descobridor, Dr. François Durif. Na segunda metade do século XIX, o Dr. Durif possuía um berçário de videiras de diferentes variedades, na região do Rhône, e identificou a nova variedade em meio a videiras de Peloursin. Dr. Durif a estudou, e a partir de 1880 difundiu o seu uso. 4 anos depois, ela chegou à Califórnia, onde ganhou o nome de Petite Sirah; no entanto, apenas mais de um século depois, em 1996, que ampelógrafos identificaram, por meio de testes de DNA, que a outra uva que gerou o cruzamento era a Syrah[*].

Hoje, ela praticamente não existe na França. Adaptada melhor a climas quentes, ela é mais cultivada na Califória, Austrália e Israel. Especialistas atestam que, nos Estados Unidos, a Durif corresponde a 90% do que é chamado de Petite Sirah, pois freqüentemente suas vinhas estão misturadas com plantas de Peloursin e Syrah, já que as três espécies são muito semelhantes [*].

Os vinhos feitos de Durif normalmente tem cor retinta intensa, notas terrosas e de pimenta, taninos intensos, e alto teor alcoólico.


Three Bridges Durif

A Calabria Family Wines - que até há pouco tempo se chamava Westend Estate - é uma propriedade familiar localizada na região de Riverina, em Nova Gales do Sul, no leste da Austrália. Foi fundada em 1945 pelos descendentes de italianos Francesco e Elisabetta Calabria, a partir de uma propriedade de 2 hectares. Hoje, está nas mãos de Bill Calabria e seus filhos, e possui no total 55ha [*].

O Three Bridges Durif 2010 é feito 100% com uvas Durif, com 18 meses de estágio em barricas de carvalho americano. Tem cor violácea intensa, aromas de menta, chocolate amargo, frutas negras cozidas (como mirtilo, cassis, amora), folhas de chá e terra. Na boca, tem um volume muito amplo, provocados por uma grande intensidade de taninos muito finos, envolvidos pela untuosidade do álcool (15%), ambos finamente equilibrados pela acidez, que é boa, mas não se destaca. Apresenta um final de média duração, com fundo de chocolate com menta. É um pouco encorpado demais para o meu gosto, e se tornaria enjoativo se consumido sozinho, mas pude harmonizá-lo com um filé ao molho de poivre vert, e daí ficou muito bom, e a garrafa foi embora fácil. Nem houve conflito entre a pimenta e o alto teor alcoólico do vinho.

Este vinho é importado pela KMM Vinhos. Esta pequena importadora, apesar de possuir rótulos de outros países, foi pioneira em trazer vinhos australianos para o Brasil, e possui um largo portfólio deste país. Este vinho, especificamente, custa por volta de R$130, o que é um pouco salgado, mas está dentro do esperado para vinhos australianos deste nível. Vinhos da Austrália tendem a ser ainda mais caros do que a maioria dos vinhos no Brasil, parte por causa do pequeno volume de importação, e parte pela distância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sintam-se livres para comentar, criticar, ou fazer perguntas. É possível comentar anonimamente, com perfil do Google, ou com qualquer uma das formas disponíveis abaixo. Caso prefiram, podem enviar uma mensagem privada para sobrevinhoseafins@gmail.com.