11 de março de 2015

Porto Dalva Golden White Colheita 1963

Texto da série: Descobrindo e Provando Portugal com a ViniPortugal

Este relato trata da minha visita a Portugal como convidado da Vinhos de Portugal. Caso ainda não tenha lido, leia o prólogo.

Como convidados da ViniPortugal e da Essência do Vinho, nosso primeiro compromisso na feira foi exatamente o almoço oficial de abertura. O almoço ocorreu na sede do IVDP - Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, que vem a ser o prédio ao lado do Palácio da Bolsa, no Porto.


A cerimônia começou com o serviço de alguns vinhos como aperitivo, ainda no saguão do prédio, ao redor de um marco pombalino de 1756. Em seguida, subimos as escadas até a sala onde seria servido o almoço. Depois que todos se sentaram, o presidente da IVDP, Manuel de Novaes Cabral, realizou o discurso de abertura.

Os convidados foram distribuídos em 5 mesas diferentes, e em cada mesa, foram servidos vinhos de um produtor diferente, sendo que um representante do produtor também estava à mesa, apresentando o vinhos. Eu fiquei com a mesa da Porto Cruz, em que foram servidos os vinhos da marca Dalva, e quem estava à nossa mesa a apresentar os vinhos era a gerente de exportações Elsa Couto.

A linha Dalva pertence à casa C. da Silva. A empresa foi fundada em 1862, mas seu nome atual foi atribuído em 1933, quando passou às mãos de Clemente da Silva. A casa tem especial reputação pelos seus vinhos Colheita, principalmente os brancos Golden White das safras 1952, 1963 e 1971. Em 2007, a C. da Silva foi comprada pelo mesmo grupo que detém a Porto Cruz, e por isso, hoje as duas empresas compartilham a mesma estrutura de distribuição e marketing, mesmo mantendo as suas respectivas produções independentes.


O almoço

A entrada era composta de uma salada de folhas verdes e um crepe de camarão. Estava gostoso, mas nada de mais. O vinho, este sim, era muito bom. Para acompanhar o crepe, foi servido o Dalva Reserva Branco 2012. Este vinho é feito com uvas provenientes de vinhas velhas, vinificadas juntas, e com estágio de 10 meses em barricas de carvalho húngaro.

O prato principal foram perdizes 'estufadas' ao vinho do Porto, com uvas verdes. Não, as perdizes não foram recheadas de vinho, e sim cozidas com o vinho em recipiente fechado (como uma estufa) até o molho apurar. Elas foram servidas com arroz branco, grelos e batata palha. É um bichinho difícil de comer, cheio de ossinhos pequenos, e pouca carne, mas estava uma delícia. O molho a base de Porto e o arroz harmonizavam perfeitamente, as uvas verdes frescas que foram servidas junto davam um contraste muito interessante.

Para mim, o branco teria sido uma harmonização mais adequada ao prato, mas - provavelmente por causa do objetivo da ocasião (apresentar os vinhos) e um pouco pelo preconceito que paira sobre o vinho branco - foi definido que servissem um tinto para acompanhar as perdizes. Sendo assim, foi servido o Dalva Reserva Tinto 2012. Com parte das uvas provenientes de vinhas velhas, passa 8 meses em barricas de 600L de carvalho francês. Como se poderia esperar de um vinho do Douro, era robusto, com cor retinta, bastante taninos, muita estrutura. Ou seja, um excelente vinho, mas muito pesado para acompanhar as perdizes.


A sobremesa

A sobremesa foi um pequeno pudim abade de Priscos com frutas. Estava bom, mas o vinho servido à sobremesa o ofuscou! O vinho foi Porto Dalva Golden White Colheita 1963, isto é, um Porto Branco, da safra de 1963, que vem a ser uma das 3 safras mais prestigiadas da casa! E não é para menos, é realmente um vinhaço, com muita frescura, aromas e sabores intensos, com cascas de laranja cristalizadas, damascos secos, flor de amêndoas, mel, amêndoas torradas... um espetáculo. Eu terminei o pudim, e fiquei apenas apreciando o vinho, enquanto colegas que estavam em outras mesas se aproximaram para provar este néctar! Minha vontade era ficar ali o restante da tarde, apenas apreciando este vinho, mas o almoço já havia terminado, e era hora de seguir para a feira...


1963 foi um ano caracterizado por um inverno normal e uma primavera fria e chuvosa, um verão muito quente e seco, com alguma chuva antes da colheita.Em Setembro, os dias foram muito quentes e as noites amenas, um clima perfeito para a colheita. Essas foram as condições climatéricas que permitiram a produção deste excelente Dalva Golden White 1963, um ano Vintage mítico!
Descrição da colheita 1963, obtida do site da empresa C. da Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sintam-se livres para comentar, criticar, ou fazer perguntas. É possível comentar anonimamente, com perfil do Google, ou com qualquer uma das formas disponíveis abaixo. Caso prefiram, podem enviar uma mensagem privada para sobrevinhoseafins@gmail.com.