13 de maio de 2018

Barón de Lajoyosa Gran Reserva 2005

Já escrevi diversas vezes a respeito da variedade Cariñena. Mais conhecida pelo nome em francês - Carignan - é muito cultivada no sul da França, sobretudo nos vinhedos da Provence e do Languedoc-Roussillon. Também tem feito sucesso no Chile, sobretudo no Vale do Maule.

Bem menos conhecida é a Denominación de Origen Cariñena. Ela se localiza na comunidade de Aragón, no centro-norte da Espanha. Com altitudes que variam de 400 a 800 metros sobre o nível do mar, tem um clima continental de altitude, com dias quentes e noites frescas, como a maior parte da Espanha. O diferencial é o vale do Rio Ebro, que corta Aragón, e desemboca no Mediterrâneo. Esse vale forma um 'corredor' que permite a entrada de correntes de ar mediterrâneas, que amenizam ligeiramente o clima continental, trazendo um pouco mais de umidade, e reduzindo os extremos de temperatura.

A DO Cariñena é provavelmente a região de origem da variedade homônima. No entanto, há muito tempo ela perdeu espaço em toda a região, sobretudo para a Garnacha, outra variedade que tem provável origem na região de Aragón. Pelo menos desde o início do Século XIX, os vinhos produzidos ao redor da cidade de Cariñena estão associados principalmente à Garnacha. Hoje em dia, ela ocupa mais da metade dos vinhedos, seguida da Tempranillo. A cria da casa figura apenas em terceiro.


Essa divisão dos vinhedos se reflete na proporção de uvas usadas no vinho Barón de Lajoyosa Gran Reserva 2005. De acordo com o contra-rótulo, o vinho é composto de 50% Garnacha, 30% Tempranillo, e 20% Cariñena. Barón de Lajoyosa é a linha premium da Bodega Ignacio Marín, uma empresa familiar com origem em 1903, e que possui 117 hectares de vinhedos (de acordo com o livro Wines of Spain). Este vinho estagiou por no mínimo 24 meses em barricas - um requisito legal para que possa ser classificado como Gran Reserva - e está engarrafado desde 2008, para lenta evolução em ambiente redutivo.

Um vinho com quase 13 anos de idade - e 10 na garrafa - merece uma ocasião especial. Encontrei a oportunidade perfeita quando nosso amigo chef preparou um Beef Wellington, um prato que harmoniza especialmente bem com tintos evoluídos.


O vinho está em seu ápice, já demonstrando as características da idade. Cor rubi de média intensidade, com reflexos granada e halo bem acentudado; um bouquet completo, com aromas primários (fruta negra), secundários (tostado e especiarias doces da barrica) e terciários (caramelo, bálsamo, ameixas secas). Com muito boa acidez, corpo elegante, taninos macios, álcool equilibrado, e uma persistência à altura dos anos de guarda, não tem como melhorar. E a harmonização com o Beef Wellington foi perfeita.


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