11 de julho de 2017

O rinoceronte de Dürer

Em maio de 1515, chegou em Lisboa um rinoceronte, enviado como presente ao Rei Manuel I. Era a primeira vez que um animal daquela espécie pisava em solo europeu, desde o Império Romano. O acontecimento chamou a atenção, e cartas com descrições e desenhos do paquiderme foram enviados para diversos cantos da Europa.

Rascunhos e desenhos chegaram ao artista alemão Albrecht Dürer, que fez então a gravura abaixo, sem nunca ter visto um rinoceronte. A obra ficou muito famosa por toda a Europa e, apesar das inexatidões, permaneceu como a imagem de referência dos rinocerontes na Europa por mais de 300 anos, tendo sido usado como base por diversos autores.

Rhinocerus (imagem obtida no Commons Wikimedia)

O rinoceronte em questão, que já era habituado ao cativeiro antes de chegar a Portugal, tinha o nome de Genda. Em junho daquele ano, duas semanas após a chegada, o rei organizou um combate entre ele, e um elefante. O rinoceronte avançou lentamente contra o elefante, que fugiu em disparada. Ainda no final do mesmo ano, o rei decidiu enviá-lo como presente ao Papa Leão X; mas o navio naufragou no trajeto a Roma, e o bicho morreu.

Barbaresco
E o que isso tem a ver com vinho? A vinícola La Spinetta escolheu essa imagem para ilustrar vários de seus rótulos, entre eles, os seus Barbarescos. La Spinetta é uma empresa de propriedade familiar, fundada em 1977 no Piemonte. Hoje é uma grande empresa, com 165ha de terras, 4 vinícolas e 65 funcionários permanentes.


A produção de Barbaresco ocorreu a partir de 1995, com a aquisição de 3 vinhedos distintos. O vinhedo Starderi, de 6,5ha, foi adquirido em 1996, já plantado com vinhas de 40 anos em média. De acordo com o produtor, é seu Barbaresco mais intenso. A fermentação das uvas dura entre 7 e 8 dias, em tanques do tipo roto fermenter (que gira constantemente, aumentando a extração de cor das cascas). Depois, estagia em barris de carvalho francês por 22 meses, e só é lançado após 3 anos da colheita, de acordo com as regras da DOCG Barbaresco.

O Barbaresco Starderi 2001 foi produzido exclusivamente com uvas desse vinhedo. Já com 16 anos, apresentava cor rubi de intensidade média/baixa, reflexos granada, e halo aquoso já bem visível. Com uma passagem rápida pelo decanter, o aroma mesclava frutas vermelhas, licor de cereja, bálsamo, tostado, especiarias, além de um pouco de terra e folhas secas. Na boca, bom corpo, ótima acidez, taninos firmes e abundantes - a pedir uma carne suculenta - álcool (14,5%) totalmente integrado, e final de boa duração. Acompanhou um filé ao molho de trufas, com purê de mandioquinha. Um espetáculo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sintam-se livres para comentar, criticar, ou fazer perguntas. É possível comentar anonimamente, com perfil do Google, ou com qualquer uma das formas disponíveis abaixo. Caso prefiram, podem enviar uma mensagem privada para sobrevinhoseafins@gmail.com.