1 de outubro de 2016

Amalaya Rosado de Corte 2015

Eu sinto que este ano, infelizmente, eu escrevi pouco a respeito de vinhos rosés. É provável que tenha tomado menos rosés do que em anos anteriores; porém a principal razão foi que, este ano, me deparei com uma grande quantidade de vinhos top, sobre os quais eu não queria deixar de escrever. E com a priorização, muitos bons vinhos do dia-a-dia acabaram preteridos. E os rosés raramente são vinhos top, porém freqüentemente são ótimas opções para o dia-a-dia.


Ainda há tempo de remediar, então venho escrever a respeito de um bom rosé que, que recebi do clube de vinhos Winelands, e tomei esses dias: Amalaya Rosado de Corte 2015, da bodega Amalaya, localizada no Valle Calchaquí, província de Salta. A vinícola pertence ao grupo familiar Hess Family Wine Estates, que é de origem suíça, e foi implantada em 2010, sendo a segunda do grupo na Argentina (a primeira foi a Colomé). De acordo com a empresa, Amalaya significa "esperança por um milagre", em língua indígena, o que reflete as condições climáticas do lugar. O Valle Calchaquí está a 1800 metros de altitude, aos pés dos Andes. O clima é seco, com pouquíssima chuva (150 mm por ano), e solo extremamente pobre; apenas com um milagre (no caso, o da irrigação) é possível plantar algo nessa terra.

O Amalaya Rosado de Corte é 95% Malbec; e portanto, poderia muito bem ser rotulado como um monovarietal. Mas a empresa certamente quis ressaltar o efeito que os 5% de Torrontés trazem ao vinho. Com seu perfil aromático, ela deixa sua marca, resultando em um rosé de caráter particular. Sua cor rosa-cereja de média intensidade tem uma leve tendência ao salmonado. O aroma traz as frutas vermelhas frescas em primeiro plano, com um fundo floral e uma lembrança de mamão, da Torrontés. É seco, tem corpo médio, e acidez muito bem equilibrada.


Eu o abri para acompanhar um lanchinho à noite, durante a semana. Thais preparou uma lingüiça cozida no vinho rosé e mel, que cozinhou até reduzir todo o vinho. Mas ela não usou este daqui pra cozinhar, não! Usou um outro que não estava lá muito bom pra tomar (de vez em quando a gente toma ferro, não tem jeito), mas ainda servia para cozinhar. A lingüiça fica levemente adocicada, e caramelizada, pela doçura do mel, o que contrasta de forma deliciosa com o sabor marcante da própria lingüiça. Fizemos um sanduíche, com a lingüiça e uma salada de repolho roxo e maçã. Ficou muito bom, o vinho casou perfeitamente, e ajudou a tornar um lanche de dia de semana em um momento memorável.

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