9 de dezembro de 2015

Retsina com frutos do mar no Chef Theo

Era sábado, e Thais sugeriu almoçarmos no Chef Theo. A comida lá é muito boa, e não é tão cara quanto outros restaurantes do mesmo nível, em Campinas. Como eles não aceitam cartão de crédito, eles não se vêem obrigados a embutir a taxa do cartão nos seus preços, e creio que isso lhes permite trabalhar com preços mais competitivos.

Outra coisa legal de lá é que eles permitem levar uma garrafa de vinho sem cobrar taxa de rolha, o que para um casal em um almoço, é mais do que o suficiente. Intencionado que já estava em comer peixes e frutos do mar, escolhi o Tetramythos Retsina, um branco grego que recebi pela Sociedade da Mesa.


Retsina

Retsina é um estilo de vinho típico grego com adição de resina de pinheiro. Sua origem remonta à Grécia antiga, quando os vinhos eram guardados em ânforas, e selados com resina para impedir a entrada de ar, e com isso, conservá-lo por mais tempo. No entanto, a resina entrava em contato com o vinho, e lhe dava o sabor característico. A forma de armazenamento de vinhos mudou, mas o gosto peculiar era tão apreciado pelos gregos, que eles passaram a adicionar a resina ao vinho, para simular o efeito da guarda em ânfora.

Hoje, Retsina é uma Denominação Tradicional, podendo ser produzido em qualquer parte do país. Este, foi produzido pela vinícola Tetramythos, localizada no norte da península do Peloponeso. O vinho foi feito da uva Roditis, uma variedade de casca rosada, responsável pelos principais vinhos brancos da região (veja mais a respeito da Roditis, aqui). E a resina, por sua vez, foi extraída de pinheiros plantados ao lado das vinhas. Ela é adicionada em infusão, de molho em um saco, dentro das ânforas de fermentação [*] (é, o vinho fermenta em ânforas e com leveduras nativas).

Para não me alongar muito na apresentação do vinho, nem repetir o que já está na revista do clube, deixo o link para a revista, (que pode ser consultada online, aqui). Afinal, minha intenção é comentar como ele acompanhou perfeitamente os peixes e frutos do mar que pedimos no restaurante. É um vinho de corpo leve, com refrescante acidez, sabor intenso, frutado e cítrico, e o toque da resina no fundo, que se não soubesse que fora adicionado, poderia até passar como natural do vinho, de tão sutil. Com todas as suas características, ele foi muito bem com todos os frutos do mar que pedimos.


As harmonizações

Neste dia eu estava com mais fome que o habitual (provavelmente porque havia feito um treino de natação pela manhã), por isso pedimos algumas entradinhas antes do prato, e aproveitei para testar bastante a capacidade de harmonização do vinho. Infelizmente, eu esqueci o celular pra tirar fotos, e por isso tive que pegá-las emprestado do site do restaurante. O lado positivo é que as fotos são melhores do que eu teria conseguido fazer com um celular, e fazem jus aos pratos servidos.

A primeira entrada foi uma porção de vieiras gratinadas com molho de azeite e pesto de espinafre. Adoro vieiras, e o molho estava muito bem temperado, com alho na medida certa. Um prato leve e delicado, apesar do sabor do azeite com alho, e o vinho mostrou sutileza suficiente para não se sobrepor. O toque vegetal do espinafre em um e da resina no outro, apenas vieram a incrementar.

Foto: Chef Theo

Junto, pedimos uma sardinha na brasa, similar à portuguesa. Porém no Chef Theo, ela é enrolada em folha de uva. Não sei se é a intenção, mas enrolada na folha, me parece que retém mais umidade, pode cozinhar por mais tempo (pra cozinhar bem os espinhos, sem deixar o peixe seco. Também não sei se é por causa da umidade retida, mas me pareceu que o sabor da fumaça da brasa ficou um pouco mais intenso do que o normal, o que ficou muito bom. Acho que da próxima vez que fizer sardinhas na brasa, vou tentar fazer algumas assim. Mais um prato leve, mas com sabor marcante, e o vinho acompanhou no mesmo tom, sem se esconder, nem se sobrepor. E mais uma vez, a folha de uva dava um toque vegetal...

Foto: Chef Theo

Ainda como entrada, pedimos uma mini-caçarola de camarões e cogumelos. Foi o prato mais desafiador para o vinho, devido ao molho untuoso, que parecia à base de leite de coco, mas o tomate dava uma suavizada, facilitando para o vinho. E ele se valeu da acidez para refrescar a boca sem desaparecer.

Foto: Chef Theo

Enfim, ao prato principal, eu pedi um pescado Cambucu, com pesto mediterrâneo (me pareceu um molho à provençale) sobre uma cama de purê de batatas e palmitos grelhados. Peixe gostoso, bem temperado, assado no ponto, desmanchando com o garfo, e ainda assim suculento. E o vinho foi uma perfeita companhia.

Foto: Chef Theo

Como disse no início, o vinho foi oferecido na seleção de setembro da Sociedade da Mesa. E como eles têm mais em estoque, já pedi mais 8 garrafas!

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