23 de março de 2014

Montchenot branco 2013

Eu não costumo ter muita empatia pelos vinhos brancos sul-americanos, normalmente bombados e enjoativos. Porém, também não deixo que minhas experiências anteriores me impeçam de provar outros, vez ou outra, para reavaliar meus conceitos.

Este mês, tive a oportunidade de reavaliá-los. O vinho branco do clube Winelands foi o Montchenot 2013, feito da uva Chenin Blanc. Fiquei animado com ele, após conhecer mais a respeito do produtor, as Bodegas Lopez, de Mendonça, que costumam produzir vinhos num estilo mais europeu, como os tintos que passam 10 anos em tonéis. Além disso, ele tem apenas 12,1% de álcool, distinguindo-se das bombas sul-americanas (e sul-africanas) que encontramos por aí.


Neste vinho branco, as uvas foram colhidas a mão, e em seguida passaram por maceração pelicular (isto é, o mosto ficou em contato com as cascas da uva, a 5ºC) por 10 horas. Em seguida, o mosto foi extraído e colocado para fermentar, a 15ºC. Depois, o vinho foi clarificado, filtrado, e colocado para descansar em tanques de aço, por 3 ou 4 meses, onde suponho que tenha ocorrido fermentação malolática.

Mas ele não me conquistou de cara. Na hora, pude observar que tem bom corpo, bastante acidez, certa untuosidade, aromas intensos e de muita persistência. Os aromas me pareceram principalmente de frutas exóticas (carambola e abacaxi bem maduros), e pêssego em calda, com um fundo amanteigado. Mas de alguma forma, o aroma me pareceu intenso demais, enjoativo.

Tomei um terço da garrafa, e a guardei na geladeira, para reavaliá-lo no dia seguinte. E não é que o achei bem melhor? Fui tomando devagar, e ele foi esquentando na garrafa, mas a noite estava fresca, com um vento até frio soprando do lado de fora, então o vinho não esquentou muito rápido. Mas fui tomando devagar, com umas torradas com coalhada seca e azeite, e apreciando o aroma que, ainda intenso, não me parecia mais enjoativo.

Acho que no dia em que o abri, eu não estava em um "bom dia" para ele. Minha boca queria um vinho diferente, e não "deu química". No dia seguinte, a química ocorreu. Não é um vinho que eu tomaria todo dia, mas pude reconhecer sua qualidade, seu perfil de boca elegante, e nariz potente.

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