5 de dezembro de 2012

Degustação comparativa de Pinot Noirs

Na quarta-feira, aconteceu a última reunião do ano da minha confraria, e o tema foi a uva Pinot Noir. Nos reunimos no restaurante Matisse, que em um acordo com a ABS Campinas, sempre nos oferece o espaço. Degustamos 5 vinhos, de cinco países diferentes, para compararmos estilos bem diferentes de vinhos com a mesma uva. Fizemos, como sempre, uma degustação às cegas (não de olhos vendados, mas com os rótulos cobertos), analisando as características de cada vinho, e posteriormente, tentamos adivinhar qual vinho era de qual país. Estes foram os vinhos da noite:
  • Salton Volpi Pinot Noir 2010, com uvas plantadas na região de Bagé, na Campanha Gaúcha, e passagem de um ano em barrica de carvalho. Muito claro, leve, frutado e com toques de tostado, pimenta-do-reino e balsâmico. (12% álcool)
  • Pioneer Block 4, 2008, do produtor Saint Clair Family Estate, na região de Marlborough, Nova Zelândia. Passou 8 meses em barricas de carvalho. O mais encorpado da noite, com a cor mais intensa (mas ainda assim, um Pinot Noir!) e mais tendendo a tijolo, exalando muita fruta, café, algum caramelo, azeitona, e mentol. (13,5% álcool)
  • Pinot Nero Alto Adige DOC 2009, da Cantina San Michele Appiano, sem passagem por madeira. O mais leve, mais claro, com menos taninos, e com aromas de frutas frescas, herbáceo, especiarias. (13,5% álcool)
  • Bourgogne Couvent des Jacobins 2009, da Maison Louis Jadot, em que, segundo o site do produtor, parte do vinho passa 9 a 16 meses em barrica. Não sabemos qual o percentual que passa por barrica, nem quanto tempo exatamente passou o vinho da safra degustada. Tinha a segunda cor mais intensa da noite, rubi com reflexos granada, e um cheiro desagradável de terra molhada com folhas em decomposição, romanticamente chamado pelos franceses de sous-bois. (13% álcool)
  • Leyda Reserva 2010, da Viña Leyda, no Chile. 50% do vinho passou 6 meses em carvalho. Tinha os taninos mais marcados dentre os vinhos da noite, apesar de ser dos menos encorpados. Também era o que tinha a cor mais jovial. Exalava uma baixa intensidade de aromas de frutas vermelhas, tostado e pimenta. (13% álcool)


Logo após todos terminarem suas análises, veio a votação, ainda às cegas, de qual foi o melhor, e qual foi o pior vinho da noite. Quem pensava que o francês venceria, se enganou, pois foi eleito por quase todos o pior da noite! Quase ninguém aguentou o aroma de 'folhas úmidas apodrecendo no chão do bosque'. Um dos presentes disse que só tomou coragem de provar o vinho após outras pessoas declararem que o aroma de boca era bem diferente, com as frutas vermelhas presente nos outros vinhos. Mas nem todo Pinot Noir da Borgonha tem este aroma, por isso, não devemos crucificar a região.

Já o melhor da noite, longe de ser uma unanimidade, foi o neozelandês, o mais encorpado deles, o 'mais próximo' do que a maioria das pessoas espera de vinhos tintos, mais acostumados a outras uvas (Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, etc.). Mas eu julguei os vinhos pelo que são, isto é, como Pinot Noirs. Tendo em vista a característica geral dos vinhos com esta uva - que são mais adequados para noites mais quentes por serem menos encorpados, terem menos taninos, e mais indicados a serem consumidos a uma temperatura mais baixa - eu escolhi o vinho italiano, que era o mais leve, com menos taninos, o mais claro (mais claro que isso, seria classificado como rosé!), e muito frutado.

Na votação sobre qual vinho era qual, todos acertaram qual era o francês (pelo forte aroma de sous-bois), e quase todos acertaram qual era o italiano (sem nenhum toque de madeira). Mais difícil foi acertar os do novo mundo, e entre os três houve grande índice de erros.

Harmonização

Após a degustação, aproveitamos para jantar no restaurante, como normalmente fazemos, a partir de um cardápio com preços especiais para nós. Quem pediu filé com risoto piemontês escolheu mais uma vez o neozelandês como a melhor harmonização. O chileno, que tinha os taninos mais marcados dentre todos, também era uma boa opção. Mas eu estava a fim de um desafio, e escolhi a merluza grelhada com tomates cereja e azeitonas pretas, acompanhada de purê de mandioquinha. E posso atestar que o meu vinho preferido na noite, o italiano, se saiu muito bem com o prato.

Também gostei do resultado do vinho da Salton. Leve como o italiano, com taninos muito discretos, e diferindo no aroma apenas por um toque muito sutil de aromas tostados, sai bem mais em conta, com preço de mercado em torno de R$45,00, sendo que o italiano custa por volta de R$115,00.

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