4 de julho de 2012

Cavas Codorníu

A Bodega Codorníu realizou, no restaurante Esquinica, um evento de promoção de seus produtos - os cavas (no masculino, mesmo) - em uma harmonização com 'tapas' elaborados pela casa. Cavas são espumantes de origem espanhola, e Codorníu é a maior produtora, com 46% do mercado espanhol. O evento contou com a presença de Rodrigo Gonzalez Garcia - representante do grupo Codorníu no Brasil - com o intuito de apresentar os produtos degustados.

Denominação de origem

Cava é um espumante espanhol, mas é também uma denominação de origem. Ou seja, para se chamar cava, o espumante deve ser produzido de acordo com critérios de qualidade regulamentados. O método de vinificação deve ser obrigatoriamente o mesmo dos champagnes (chamado método tradicional), em que a segunda fermentação ocorre em garrafa. Além disso, um Cava precisa permanecer pelo menos 9 meses com as leveduras.

O corte tradicional é composto das uvas Macabeo, Xarel-lo e Parellada. Posteriormente, o Conselho Regulador passou a permitir também algumas outras castas, entre elas Chardonnay e Pinot Noir (uvas típicas do Champagne).

Diferentemente de outras denominações de origem, a D.O. Cava não se restringe a uma única região. Há diversas áreas de produção, desde Catalunha, passando por La Rioja, e chegando até a Extremadura, a sudoeste. O mapa abaixo sinaliza as regiões da D.O. Cava em retângulos amarelos.



Apesar disso, 90% da produção do país ocorre na região de Penedés, Catalunha, e sobretudo no município de Sant Sadurní d'Anoia, onde se localiza a Codorníu.

A produção de espumantes na Espanha começou em 1872, exatamente nesta Bodega, quando o proprietário da época, Josep Raventós, após se familiarizar com o método na região de Champagne, o reproduziu em solo espanhol. No entanto o termo 'cava' só surgiu em 1972, terminando com a disputa comercial com a França pelo uso da denominação 'Champán'.

Harmonização

A Bodega apresentou 4 produtos diferentes, todos brut, mas com características distintas - representando quase todas as uvas permitidas na D.O. - servidos na seguinte ordem:

- Anna de Codorníu (70% Chardonnay, 30% corte clássico);
- Codorníu Clasico Brut (corte clássico);
- Codorníu Clasico Rosé (Monastrel, Garnacha, Trepat);
- Codorníu Rosé Pinot Noir (100% Pinot Noir).

O primeiro, Anna de Codorníu, foi servido junto a um ceviche de pescado branco, em que no meu caso, o chef abriu uma exceção, e o preparou sem cebolas! O espumante apresentava um aroma 'característico de champagne', como descreveu o representante da Bodega, pela presença da Chardonnay. Devido à sua maior leveza e acidez, é o produto mais adequado para aperitivos, mas é flexível e também acompanha bem refeições.

O Clasico foi servido em seguida, junto a croquetas de plátano (croquetes de banana) com queijo brie e presunto cru. Apesar de ter o mesmo teor de açúcar, parecia um pouco mais seco, devido ao aroma menos frutado. Por outro lado, era meio pesado, pois a acidez também era um pouco menor.

Na sequência foram servidas uma porção de anéis de lula empanados, e uma de bolinhos de bacalhau, e logo depois o terceiro cava, o Clasico Rosé. Eu me considero flexível quando se trata de harmonizações, e as duas anteriores foram perfeitas, mas a terceira não me caiu muito bem. Tanto a lula quanto o bacalhau causaram um gosto de metal no final de boca do espumante. Já li que esse gosto seria causado por uma reação entre o tanino (que há bem pouco no rosé, mas há) e o iodo presente em frutos do mar.

Seja o iodo culpado, ou não, o problema não ocorreu com o 'tapa' seguinte, chamado pulpo a la esquinica, que corresponde a pedaços de polvo grelhados no óleo, com vinagrete (o meu, sem). Tanto com o Clasico quanto com o Pinot Noir, que foi servido em seguida, não houve conflito na harmonização.

Mesmo assim, o melhor acompanhamento para o Pinot Noir foram as patatas barcelona, assadas com rodelas de lingüiça e cebolas fritas, e um ovo frito por cima. As patatas se saíram muito bem com os potentes tintos da Quinta Sardonia em abril, mas ficaram melhor ainda com este elegante cava rosé.



Links

Se quiser saber mais sobre Cavas, seguem os links que usei como referência:
http://www.wine-searcher.com/grape-1681-cava-blend
http://www.sociedadedamesa.com.br/informativos/33/
http://www.crcava.es/historia.htm
http://es.wikipedia.org/wiki/Cava

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