2 de agosto de 2017

O Ossobuco do Gallo Nero

Outro dia, um casal de amigos nos chamou para jantar no Gallo Nero. O restaurante funciona junto à loja de vinhos Cave Pavesi (creio que nenhum dos dois tem site na Internet); o restaurante fica no fundo, e a gente atravessa a loja para chegar a ele. Nós já havíamos ido algumas vezes lá. A comida é muito boa, saborosa e criativa, mas nós não vamos com freqüência porque eles não permitem que levemos nossos vinhos.

Entendemos a política deles, pois operam junto a uma loja de vinhos; mas há muitos outros restaurantes com ótima comida onde podemos levar nossos vinhos, e muitas vezes sem pagar rolha; por isso normalmente acabamos dando preferência a outros. Afinal, a experiência acaba saindo bem mais em conta, e com isso podemos sair pra jantar mais vezes.

Mas dessa vez, fomos lá, e não nos arrependemos; comemos e bebemos muito bem. Eu pedi um ossobuco gratinado com gremolata (uma mistura de farinha panko, alho picado e salsinha), servido com o próprio molho, sobre uma cama de uma polenta mole. A polenta leva ricota defumada no preparo, de forma que o sabor defumado se incorpora a ela; e o sabor tem tudo a ver com o do ossobuco. Realmente uma combinação muito bem sucedida e bem executada.


Barbera D'Alba

Apesar de o ossobuco, em teoria, acompanhar vinhos parrudos, preferi escolher um tinto um pouco mais leve; primeiro, que pudesse agradar a todos, e segundo, porque eu também não sou fã de vinhos pesados demais. Após consultar o sommelier da casa, optei pelo Pertinace Barbera D'Alba DOC 2012. Foi uma ótima pedida.

Barbera D'Alba é uma DOC no Piemonte. A região em torno da cidade de Alba inclui os famosos Barolos e Barbarescos, e titula seus vinhos feitos de Barbera com uma DOC específica. Apesar da Barbera estar mais associada a vinhos leves e jovens, os Barbera D'Alba se destacam por serem mais estruturados. É o caso deste vinho, que foi produzido pela cooperativa Pertinace, fermentado em tanques com as cascas por 10 dias, com posterior maturação em barricas, entre 6 e 8 meses.

O vinho era agradavelmente leve para bebericar e bater papo, a ponto de que a primeira garrafa quase se foi antes de chegar a comida. Mesmo assim, tinha acidez e intensidade suficientes para acompanhar os pratos (eram 2 ossobucos, um tornedor, e uma massa com frutos do mar, que ficou um pouco prejudicada). Por isso, quando acabou a garrafa, todos preferiram pedir outra do mesmo vinho.


Ele tinha cor rubi de intensidade média/baixa, com reflexo granada. O aroma - tímido no início, mas que foi se abrindo com o tempo - somava frutas vermelhas frescas, um toque de folhas secas, especiarias, e um fundo tostado. Tinha alta acidez, corpo de médio pra leve, taninos de baixa intensidade mas algo rústicos, álcool (14%) bem equilibrado, e final adequado, não muito longo, nem curto demais. Combinação vinho e prato excelente!

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